Racionalismo Cristão é expressão que nem todos podem compreender. É uma Filosofia Espiritualista bela e pura, saudável, ensina as criaturas como devem viver, como podem se desvencilhar das trevas da ignorância e adquirirem mais luz para seus espíritos. Fernando Faria

Para onde vou após desencarnar? – Por Fernando Faria

6. Para onde vou após desencarnar?
6.1 Iremos todos nós, ao desencarnarmos, para os Mundos de Estágio. E, assim que deixarmos a atmosfera da Terra, cada um de nós ascenderá ao mundo correspondente à nossa própria classe, pois, nesses Mundos não estagiam espíritos de classes diferentes.

6.2 Os mundos dividem-se em duas grandes categorias: Mundos de Estágio e Mundos de Escolaridade.

6.3 Somente no mundo relativo às classes a que pertencem, para onde terão de seguir antes de voltarem a encarnar (Mundos de Estágio), é que os espíritos — livres de toda perturbação e em plena lucidez — reconhecem o grande atraso que traz à evolução do ser humano a desencarnação prematura.

6.4 Nos Mundos de Escolaridade, as emoções fazem parte da vida cotidiana. Essas emoções são experimentadas, indistintamente, por todos seus habitantes. Quando o homem se torna superior às sensações da pobreza e da fortuna que completam o quadro das referidas emoções, aí, sim, o sentido da vida espiritual começa nele a despertar.

6.5 Ninguém pode passar a um Mundo mais evoluído, enquanto neste se mantiver saturado de enganosas ideias sobre a vida e proceder, erroneamente, de acordo com elas.

6.6 Somente após a desencarnação, os corpos mental e astral (perispírito) deixam definitivamente o corpo carnal.

6.7 A concepção da morte resulta de um entendimento da vida completamente errado. Na verdade, ela jamais existiu. O espírito é imperecível. Por isso, não morre nunca.

6.8 A desencarnação deverá ocorrer, normalmente, na velhice. O corpo humano é como uma flor ou como um fruto: nasce, cresce, viça e fenece. Quando fenece, deixa de ter qualquer utilidade para o espírito. Impõe-se, pois, uma solução natural, espontânea e sábia, que é a desencarnação.

6.9 Muitos fatores na Terra, tais como mudanças bruscas de temperatura, abalos sísmicos, poluição do ar, insalubridade de certas regiões, surtos epidêmicos, os abundantes meios de contaminação, os vícios e ainda a influência perniciosa dos espíritos do astral inferior (espíritos quedados na atmosfera terrestre), contribuem para a desencarnação prematura das criaturas.

6.10 Somente em casos excepcionais a desencarnação poderá ter lugar antes do ser encarnado haver completado as quatro fases da existência terrena (infância, juventude, madureza e velhice), sem prejuízo para ele. É quando, por exemplo, o espírito pertence à classe superior à 17ª e baixa à Terra em missão especial de fazer despertar a humanidade ou contribuir para as transformações morais que possam acelerar o ritmo da evolução do planeta.

6.11 Na desencarnação prematura, há a considerar, ainda, determinados fenômenos sociais geradores de conflitos e guerras de extermínio.

6.12 De qualquer modo a desencarnação, antes da época própria, representa sempre um lapso na evolução da criatura, e só encontra um meio de ser reparada: a reencarnação.

6.13 O que é afinal a desencarnação? Em que consiste? Como se processa?
A desencarnação é um fenômeno natural na vida dos seres humanos. Ela significa o oposto da encarnação. O espírito encarna quando se apossa do corpo, à natalidade, e desencarna no exato momento em que abandona definitivamente esse corpo.

6.14 Quando isso acontece, o espírito faz com que se desprendam os laços fluídicos que transmitiam a vida ao corpo físico e dele se afasta com o seu corpo astral.

6.15 Uma vez abandonado pelo espírito, o corpo físico nada mais é que um composto de matéria. A sua fonte de vida já não existe. Cessada esta, pelo afastamento do espírito, cai no domínio das leis químicas, desintegra-se, e suas moléculas passam a compor outras formas de vida e constituir outros organismos.

6.16 É natural o sentimento dos que ficam, diante da ausência dos que partem. O sentimento, sim, o desespero, não. A saudade é compreensível e se admite. A mortificação, jamais.

6.17 Quando o ser desencarna, se não possui, como acontece com a maioria, esclarecimento a respeito da vida espiritual, são as coisas intimamente relacionadas com a matéria que mais o influenciam nos momentos que antecedem e sucedem à desencarnação, da qual comumente não se apercebe.

6.18 Essa influência é mais forte, mais dominadora ainda, quando o espírito viveu enchafurdado nos vícios, com os pensamentos voltados para os prazeres materiais.

6.19 Em tal estado — e porque o corpo astral lhe dá a impressão do carnal — vagueia pela superfície da Terra andando como qualquer transeunte, aborrecido com a falta de atenção dos encarnados que não se apercebem, é claro, da sua presença. Não lhe faltam, porém, oportunidades para fazer relações com outros espíritos desencarnados, em situação idêntica.

6.20 Os movimentos na superfície terrestre dos espíritos desencarnados obedecem às condições dos seus corpos astrais. Se estes estão impregnados de elementos grosseiros pela conduta viciosa que tiveram aqueles, locomovem-se, a passo, como fazem os seres encarnados.

6.21 Os que levaram, no entanto, uma existência terrena menos materializada, deslizam na atmosfera, de acordo com a densidade de seus corpos astrais, impelidos pela ação do pensamento.

6.22 Apesar de esses espíritos compreenderem, com relativa facilidade, o fenômeno da desencarnação, seus pensamentos se fixam em demasia nos acontecimentos da vida terrena, com o desejo de continuarem a sentir as emoções e os prazeres dessa mesma vida, passando então a atuar sobre as criaturas encarnadas, e essa atuação, quando persistente, acaba por tornar-se obsessiva. É esse desejo que os leva a permanecer na atmosfera da Terra, numa atividade semelhante à que tiveram como encarnado.

6.23 Os que foram médicos, por exemplo, procuram exercer as suas atividades onde encontram mediunidade desenvolvida e desprotegia da disciplina Racionalista Cristã.

6.24 Acontece, porém, que não dispondo os espíritos, na atmosfera da Terra, de meios para ampliar os seus conhecimentos, não podem evitar as mistificações nem se livrar das influências deletérias do ambiente em que vivem. São, por isso, sempre prejudiciais as suas atuações, enquanto se mantiverem na atmosfera da Terra, qualquer que seja o grau de evolução que tenham alcançado.

6.25 Os religiosos educados no regime do terror acovardam-se, inicialmente, ao penetrar no astral inferior, pensando no purgatório ou no inferno.

6.26 Observando a seguir que foram enganados, perturbam-se, perdem a noção do seu estado, numa situação de completa perplexidade e acodem desorientados às igrejas, como que em busca de um roteiro, de um guia, de uma tábua de salvação.

6.27 Com o correr do tempo vão se familiarizando com o ambiente e travando conhecimento com outros desencarnados, em situação idêntica.

6.28 Não é sem decepção e sofrimento que muitos vêem ruir e desfazer-se o castelo de fantasias que construíram na mente com o abundante material sugestivo da mística religiosa.

6.29 Mesmo assim, é tal o apego a santos e aos deuses, e tão grande, tão profundamente enraizado o temor de serem castigados, que nem mesmo nesse estado de semiconsciência espiritual são capazes de fazer funcionar o atrofiado raciocínio para a libertação que tantos benefícios lhes proporcionariam.

6.30 É relativamente pequena a transformação que o desencarnado observa, ao penetrar no astral inferior: vê que possui um corpo igual ao carnal e enxerga o quadro da vida material terrena, como sempre o conheceu.

6.31 Expressando-se, como os demais desencarnados, pela ação do pensamento, como se estivesse falando, pode mesmo ouvir o timbre do som que lhe dá idéia de ser da sua própria voz.

6.32 Esse fenômeno é perfeitamente compreensível: os pensamentos possuem diferentes densidades e, em decorrência, um som especial, característico e individual.

6.33 Todos esses fatos contribuem para que o desencarnado se acomode no astral inferior, na ignorância dos males que lhe advêm dessa permanência num meio em que a evolução é paralisada, com a agravante de armazenar, para resgate futuro, ônus mais ou menos pesados, conforme a atividade que se entregou nesse setor de baixa espiritualidade.

6.34 É erro supor que todos os espíritos que desencarnam estagiam no astral inferior. Muitos ascendem imediatamente aos mundos de sua classe, sem permanecerem um só instante na atmosfera da Terra. O primeiro dever do espírito, depois que desencarna, é ascender ao mundo a que pertence, sem se deter na atmosfera da Terra.

6.35 Esses são os que sabem viver espiritual e materialmente, os que vêem no trabalho honrado uma das sérias razões da vida, os que se mantêm puros, limpos, e incontaminados os pensamentos.

6.36 Os que assim vivem e pensam atraem as Forças Superiores, que os assistem no momento da desencarnação, principalmente auxiliando-os a trasladarem-se para os seus mundos.

6.37 Céus beatíficos e paradisíacos, purgatórios estagiários e infernos ou demônios e caldeiras incandescentes, são imaginosas criações humanas que o próprio bom senso repele. O mesmo acontece com relação a um suposto julgamento divino. É pura invencionice. Não existem deuses para julgar os que desencarnam.

6.38 Deixada a atmosfera da Terra — e com ela todos os fatores de confusão e perturbação — os espíritos vêem, com alegria, o que fizeram de bem, e com profundo pesar as ações condenáveis.

6.39 Os cemitérios e as igrejas, onde se fazem mentalmente evocações de seres desencarnados, constituem pontos de atração de espíritos do astral inferior, pelas correntes fluídicas afins que os pensamentos de encarnados e desencarnados formam nesses locais. Por isso, sempre que o ser humano tiver que penetrar em tais meios, deve fazê-lo com consciência esclarecida, para não tomar parte na vibração dessas correntes.

6.40 Quando estiver, por exemplo, na obrigação moral de acompanhar os restos materiais de uma existência humana, deve desviar o pensamento da comunhão enfraquecida e erguê-lo sereno, claro, límpido, consciencioso ao Astral Superior, que é a meta para onde se dirigem todos os espíritos libertos de suas ligações com a matéria e das influências fluídicas, originárias das emoções inferiores das quais este planeta está saturado.

6.41 O esclarecimento a respeito de como se processa a evolução é um grande bem, por ser o único meio capaz de levar a criatura a encarar, com naturalidade, a desencarnação, pelo reconhecimento de tratar-se de acontecimento tão normal quanto a encarnação, no desdobramento da vida.

6.42 Precisam, pois, os seres encarnados auxiliar com pensamentos elevados os entes queridos que ascenderam aos seus Mundos, onde a vida é sentida realisticamente, sem as influências perturbadoras do plano terrestre.
6.43 Já é tempo de abandonar a crença de que os espíritos desencarnados necessitam de rezas, de preces ou orações Isto não é verdade. No campo espiritual, onde as influências perturbadoras não existem, a vida é sentida com inteira realidade. A lucidez do Espírito é completa. Este tem plena consciência da eternidade da vida e do processo da sua evolução.

6.44 Como ninguém pode cumprir o dever sem para isso estar preparado, os espíritos desencarnam, na sua maioria, envoltos na névoa embriagadora das sensações materiais agravadas pelas fantasias criadas pelas místicas religiosas, e passam, assistidos por obsessores, a engrossar as hostes dos que estagiam na atmosfera da Terra.

6.45 Somente os que não se esquecem, quando encarnados, dos deveres espirituais e a eles condicionam toda a grandeza da vida, estão preparados para a ascensão aos Mundos a que pertencem, sem resvalar pelas correntes impuras do astral inferior.

Para onde vou após desencarnar?
Por Fernando Faria

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