9. O
que é a mediunidade?
9.1 A
mediunidade é uma faculdade do espírito humano, que possibilita a intermediação
entre os vivos (encarnados) e a alma dos mortos (desencarnados). Ela
manifesta-se de múltiplas maneiras.
9.2 A
mediunidade intuitiva é inata no espírito de todos os seres encarnados. A
potência dessa mediunidade varia de indivíduo para indivíduo, em conformidade
com o desenvolvimento que o ser vai obtendo de encarnação em encarnação.
9.3 O
médium é um elemento de ligação dos dois planos — o físico e o psíquico — sendo
essa a razão de quase sempre se revelarem por seu intermédio os fenômenos
psíquicos.
9.5
Quanto mais sensível o indivíduo, maiores possibilidades tem de captar
vibrações. Dessas vibrações, que são diferentes umas das outras, o espaço está
repleto, podendo cada vibração captada produzir uma revelação ou fenômeno
correspondente.
9.7 O
médium de incorporação pode, em determinadas condições psíquicas, desdobrar-se,
e esse fenômeno, desde que praticado disciplinadamente, é de grande utilidade.
9.8
Entende-se por desdobramento o afastamento do espírito e do seu corpo astral,
do corpo físico do médium, por alguns momentos, ficando a ele ligado por
cordões fluídicos.
9.9 O
que se dá com todos durante o sono ocorre com o médium de incorporação
acordado, em trabalhos de desdobramento.
9.10
Dentre os fenômenos espiríticos, produzidos pelos médiuns de efeitos físicos,
são as materializações, as levitações e os transportes de objetos sem contato
que mais impressionam a massa humana, alheia aos poderes espirituais.
9.11
Alguns desses fenômenos são produzidos por espíritos galhofeiros do astral
inferior que, agindo invisivelmente, arremessam objetos e produzem ruídos, ou
por indivíduos a eles aliados que fazem mau uso da faculdade mediúnica, para
obter vantagens, geralmente pecuniárias.
9.12
Como os espíritos do astral inferior não ignoram que todos os seres possuem
mediunidade intuitiva, dela se aproveitam para incutir no mental dos mesmos
idéias absurdas e disparatadas.
9.13
Daí a razão de andarem certos indivíduos com a mania de perseguição, de verem
as coisas sempre pelo lado negro e de muitos se suporem vítimas de doenças
diversas.
9.15
Consequentemente, a mediunidade intuitiva, a de incorporação e as funções
rudimentares do incipiente órgão telepático, perfazem, em ações coordenadas e
complementares, uma soma de três predicados espirituais, cujo desenvolvimento,
quando sob rigoroso controle, oferece os mais perfeitos resultados na captação
de pensamentos de espíritos desencarnados ou não.
9.16
Nas correntes do Astral Superior, os médiuns transmitem voluntariamente, de um
modo geral, o que os espíritos lhes intuem; como, porém, não perdem o controle
de si mesmos, deixam de proferir as inconveniências acaso intuídas, quando
atuados por obsessores.
9.17 Em
todas as camadas sociais há indivíduos que possuem, sem o saberem, além da
mediunidade intuitiva, da qual todos os seres humanos são portadores, também a
mediunidade de incorporação. Por se conservarem nessa ignorância, uns acabam
praticando o suicídio, outros desaparecem em desastres, muitos superlotam os
hospitais, as cadeias e as penitenciárias, e grande parte desses indivíduos,
com a faculdade menos desenvolvida, vive a provocar desordens, a perder-se no
jogo, a deprimir-se no álcool e a arruinar-se na sensualidade desenfreada.
9.19
Com isso, a criatura dotada dessa faculdade será fatalmente vítima de tais
espíritos, se não estiver esclarecida e preparada para repelir o seu contato
maléfico.
9.20
Contam-se aos milhões, no astral inferior, os espíritos alcoviteiros,
intrigantes, desleais, facciosos e amantes de discussão que encontram, na
mediunidade de incorporação dos encarnados, campo aberto para satisfazerem os
desejos malignos que alimentam e saciarem as suas más paixões nos lares onde a
disciplina preconizada pelo Racionalismo Cristão não é praticada.
9.21 É
bom não se perder de vista que os afins se atraem e cada um se revela de acordo
com o seu modo de pensar. Quem gosta da maledicência, da intrujice, do
mexerico, produz pensamentos correspondentes e atrai, para junto de si,
obsessores de igual gosto.
9.22
Quando, porém, o autor de tais pensamentos é um médium de incorporação, a
situação se torna muito mais grave, por ficar ele sujeito a receber constantes
cargas dos afins encarnados que o incitam contra os seus desafetos e os
inimigos dos próprios obsessores.
9.23 A
mediunidade, como todas as faculdades espirituais, desenvolve-se,
progressivamente, de encarnação em encarnação.
Desde o primeiro grau de
evolução nas camadas humanas mais atrasadas, nos ritos selvagens, na prática da
magia, começam certos indivíduos a desenvolvê-la sem preparo psíquico, sem
conhecimento dos riscos a que se expõem pela inobservância da disciplina que
deveria acompanhar tal desenvolvimento.
9.24
Isso explica o fato de encontrar-se o mundo repleto de criaturas perturbadas e
anormais, de paranóicos e desequilibrados, de obsedados e dementes.
9.26 A
faculdade mediúnica é das mais importantes, pela influência que exerce na
existência de cada um. Procurar, pois, estudá-la para conhecê-la, através de
sua complexidade e múltiplas manifestações, é dever que se impõe a todos os
seres humanos que querem viver conscientemente e não vegetar.
O que é a mediunidade?
Por Fernando Faria
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