Racionalismo Cristão é expressão que nem todos podem compreender. É uma Filosofia Espiritualista bela e pura, saudável, ensina as criaturas como devem viver, como podem se desvencilhar das trevas da ignorância e adquirirem mais luz para seus espíritos. Fernando Faria

Racionalismo Cristão Responde - Por Fernando Faria

Explicação
Tão logo comecei a estudar a Doutrina Racionalista Cristã, em 1991, senti que eu precisava compreendê-la, internalizá-la, cumprir  uma série de Normas Racionalistas e mudar a minha conduta, para poder usufruir de uma felicidade relativa e atrair as Luzes do Astral Superior.

Essas Normas estão contidas nos livros Racionalismo Cristão e  Práticas do Racionalismo Cristão.

Como ordenar e consolidar esses ensinamentos para eu entender?
Livro Racionalismo Cristão Responde
Sabemos que a exposição de um texto em forma de diálogo enquadra-se numa tradição filosófica, sendo muito usada por Platão (427 a 347 a. C.).

Então procedi da seguinte forma:
Primeiro redigi 15 perguntas que todos nós fazemos quando adentramos o Racionalismo Cristão. (Ver o Índice.)

Em seguida numerei todos os parágrafos dos livros: Racionalismo Cristão, 37ª edição - 1988 e Prática do Racionalismo Cristão, 12ª edição – 1989, obtendo, assim, 1691 proposições.

Depois separei essas proposições pelos assuntos das perguntas. Com esse material respondi às questões, transcrevendo na íntegra o que os imortais Luiz de Mattos, Luis Alves Thomaz e Antonio do Nascimento Cottas escreveram sobre o assunto, como Doutrina, nas obras mencionadas, e nos livros Cartas Doutrinárias.

Fernando Faria - Santos, SP 1993


SUMÁRIO

1. O que é o Racionalismo Cristão?. 4
2. Por que vivemos?. 13
3. O que é Deus?. 18
4. Quem sou eu?. 22
5. De onde vim?. 25
6. Para onde vou?. 30
7. Por que sofremos?. 36
8. Como ser feliz?. 40
9. O que é a mediunidade?. 46
10. O que é a obsessão?. 50
11. O que é a limpeza psíquica?. 56
12. Qual é o principal problema da vida?. 59
13. Por que Jesus, o Cristo, ensinava: Não as faças que as pagas?. 63
14. O que é o pensamento?. 65
15. O que é o valor?. 71
Conclusão. 74

1. O que é o Racionalismo Cristão?

1.1 O Racionalismo Cristão é uma doutrina essencialmente espiritualista e espiritualizadora. Os trabalhos são dirigidos pelo Astral Superior e, como existe um Presidente Astral na direção espiritual de cada Casa Racionalista Cristã, torna-se evidente que as Práticas Racionalistas em nada se assemelham com a magia negra rotulada de espiritismo, que tem por base a invocação de espíritos para os mais variados fins.
1.2 O Racionalismo Cristão é praticado tão-somente nas Casas Racionalistas Cristãs, no Centro Redentor, com sede na cidade do Rio de Janeiro, Rua Jorge Rudge, 119 (Casa-Chefe) e nas suas filiais e correspondentes dispersos pelo Brasil e estrangeiro.
1.3 O Racionalismo Cristão bate-se pela Verdade e deseja que todos se esclareçam sobre a finalidade da Vida e a maneira correta de conduzir-se numa existência terrena, para evitar sofrimentos desnecessários e perdas de encarnações.
1.4 O Racionalismo Cristão é Doutrina estruturada em Princípios bem definidos codificados no livro Racionalismo Cristão, ilustrados na obra A Vida Fora da Matéria e desenvolvidos em várias outras publicações editadas pelo Centro Redentor. Ele ensina a conhecer a Verdade, explana as realidades da vida através de concepções baseadas nas lições deixadas por Jesus na Terra, que sucessivas deturpações tornaram-nas irreconhecíveis.
1.5 O Racionalismo Cristão é Doutrina Espiritualista, cujos Princípios visam o esclarecimento humano, sem se preocupar com religiões, seitas ou credos, mas defende a Verdade dentro dos limites dos conhecimentos humanos, a fim de que todos se conheçam como partículas da Inteligência Universal, saibam de onde vieram, para onde irão e o que precisam fazer para lograr bom êxito nas suas tarefas e missões na Terra.
1.6 A condenação eterna é uma balela. Portanto, todos terão oportunidade de chegar à Verdade explanada pelo Racionalismo Cristão, no decorrer de dias, meses, anos ou, se necessário, séculos.
1.7 Ao Racionalismo Cristão cabe uma grande e sublime Missão, ainda que bem árdua e por muitos não compreendida: restabelecer a Verdade e reimplementar os magníficos ensinamentos de Jesus na Terra.
1.8 O Racionalismo Cristão foi implantado na Terra pelo Astral Superior, e aí está a maior garantia da sua estabilidade perene. Os que gostam de viver no mar das ilusões, no reino da fantasia ou no país dos sonhos, não encontram ambiente propício no Racionalismo Cristão, onde se ensina que todos têm de enfrentar a dura realidade da vida com coragem, renúncia e abnegação.
1.9 O Racionalismo Cristão — sem outra idéia, outro intuito, outro interesse que não seja o de fazer a humanidade despertar para a realidade da Vida — propõe-se a revelar à humanidade os esclarecimentos de que necessita para sair da obscuridade espiritual em que ainda se encontra, tão danosa, tão prejudicial à sua evolução.
1.10 Por não ser religião mas escola espiritualizadora, não possui esta Doutrina deuses nem adoradores e empenha-se em oferecer aos seres humanos um roteiro seguro para uma vida sadia e evolutiva.
1.11 O estudioso do Racionalismo Cristão aprende a confiar em si mesmo, na sua capacidade espiritual e no poder da vontade para lutar e vencer.
1.12 A faculdade de raciocinar é um atributo que todos possuem para ser usado. E todo ser humano, como parte integrante que é da Inteligência Universal, tem, em estado latente, os mesmos atributos dessa Inteligência, devendo fazer todo esforço para os desabrochar e desenvolver. Entre esses atributos se encontra, precisamente, a faculdade de raciocinar. A prática do Racionalismo Cristão leva-o por esse caminho.
1.13 Os estudiosos do Racionalismo Cristão não são, por isso, adoradores, nem pedinchões, nem lamuriosos, nem farrapos mentais. Todos sabem que são grandes os obstáculos que surgem, a cada passo no caminho da vida, mas que os poderão vencer com os próprios recursos morais de que dispõem.
1.14 Nessa Doutrina se ensina que o espírito é uma minúscula fração da Inteligência Universal evoluindo. Nela também se demonstra ser o Universo constituído de Força (Espírito) e Matéria, enchendo a Força, que incita e movimenta todos os corpos, o espaço infinito.
1.15 Um dos grandes objetivos do Centro Redentor é a expansão e difusão a Doutrina Racionalista Cristã, porém, sempre dentro de critérios cautelosos e racionais, a fim de se evitar a degenerescência para um sensacionalismo incompatível com os nossos Princípios.
1.16 É um engano pensar-se que todos os seres estão maduros para receberem a Doutrina Racionalista Cristã. A maioria precisa despojar-se, primeiramente, de uma pesada carga de hábitos, crenças, limitações e temores correspondentes a estados crônicos de pensamentos errôneos que a impede, por enquanto, de tomar um caminho diverso daquele por onde vem palmilhando, há séculos os milênios.
1.17 Por isso, não se deve discutir sobre crenças. O desabrochar é sempre de dentro para fora, dependendo do estado interior do indivíduo e da sua capacidade de aprender concepções espirituais.
1.18 Diz-se que Jesus recomendava que não se semeasse sobre os abrolhos. É o caso. Devemos ter percepção suficiente para não pretender propagar a Doutrina em meio hostil.
1.19 As ocasiões de nós nos manifestarmos sobre o Racionalismo Cristão surge naturalmente e a oportunidade se apresenta sem ser provocada. O caminho certo é indicar o Centro Redentor nos casos de interesse despertado sem procurar o interrogado estender-se em explanações. A exposição da Doutrina deve ser sempre feita sob a ação do Astral Superior, o que se dá dentro das correntes fluídicas formadas nas Casas Racionalistas Cristãs.
1.20 Portanto, absorvidos os ensinamentos do Racionalismo Cristão, não há necessidade de fazer-se qualquer comentário sobre o seu conteúdo com pessoas estranhas à Doutrina, para evitar discussões e choques entre pontos de vista divergentes.
1.21 As explanações doutrinárias são feitas, exclusivamente, nas Casas Racionalistas Cristãs. Procurem-nas os que estiverem interessados nos ensinos nelas difundidos. Poderão, também ,ser dadas explicações por carta, quando solicitadas. Não há quem não se possa pôr em contato com a Doutrina. As portas estão abertas e o serviço postal à disposição da coletividade.
1.22 No Racionalismo Cristão não há, não houve, e jamais haverá qualquer ato que exprima intento de aliciar ou de conquistar adesões. O que existe, realmente, é a satisfação de receber, no seio comunitário da nossa Doutrina esclarecedora, todos os investigadores sinceros, a fim de se prepararem — libertarem-se do domínio fanatizante dos dogmas, rituais e mitos escravizadores — para contribuírem para a evolução do Planeta.
1.23 Contudo, a teoria de que devemos esperar que a humanidade chegue até nós ao invés de procurarmos chegar a ela era aceitável antigamente, porém, inaceitável perante o nível de desenvolvimento de nossa sociedade atual. Ver essa humanidade mergulhada no atoleiro da perturbação e degradação em que se encontra, e mantermo-nos numa atitude de passividade, sem nos preocuparmos em mostrar-lhe, através da difusão necessária, os benefícios que nossa filosofia espiritualista pode proporcionar, seria o mesmo que praticarmos um lamentável crime de omissão.
1.24 Quando as Práticas Racionalistas Cristãs não puderem, numa caminhada da vida, transformar para melhor, na medida desejada as condições terrenas, essa transformação se dará, fatalmente, ainda nesta ou nas outras encarnações futuras. Não há razões para se perderem as esperanças. O período de uma encarnação é como uma gota d’água no oceano, em comparação com a vida eterna, a que todos estão sujeitos.
1.25 Há uma Escola Filosófica denominada “Racionalismo” que não deve ser confundida com o Racionalismo Cristão. Aquela é de fundo materialista, ao passo que este é eminentemente espiritualista. Estão, portanto, em posições diametralmente opostas. Por essa razão, diz-se sempre “Racionalismo Cristão” e não, simplesmente, “Racionalismo”, quando se faz referência à Doutrina Racionalista Cristã.
1.26 O Racionalismo Cristão não tem qualquer ramificação nem se assemelha às Religiões ou outras Doutrinas existentes na Terra; é uno e possui um só código e uma só disciplina. Em todas as Casas Racionalistas Cristãs o processamento dos trabalhos é idêntico, nelas imperando os mesmos inalteráveis Princípios. Essa unidade é mantida com a mais escrupulosa observância, em rigoroso respeito às instituições e à direção do Astral Superior. Um Presidente físico de uma Casa Racionalista Cristã poderá presidir os trabalhos em qualquer outra filial, que não notará nenhuma discrepância no método e na disciplina adotados.
1.27 O Racionalismo Cristão, com os seus ensinos teóricos e práticos, oferece ao ser humano a melhor oportunidade de viver de maneira consciente e racional, realizando um seguro e eficiente programa de trabalho sem desperdícios, sem erros evitáveis, dentro do princípio de solidariedade e confraternização. É uma Doutrina esclarecedora, construtiva, moralista e purificadora, empenhada em restabelecer a Verdade nos conceitos espirituais da vida.
1.28 Ouvir as lições do Racionalismo Cristão e não colocá-las em prática é negligenciar uma tarefa do mais alto valor. Os que não lograram, nesta existência, a rara felicidade de aproximar-se da Doutrina, têm justificativa para não proceder como ela recomenda, mas, os que a conheceram e, indolentemente, permaneceram alimentando erros, incorrem numa falta de penosas conseqüências.
1.29 O Racionalismo Cristão é uma Doutrina espiritualista e explica, de forma simples e racional, quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
1.30 O Racionalismo Cristão foi codificado por Luiz de Mattos, em 1912, com o lançamento da obra básica O Racionalismo Cristão, em 1914. Seus princípios, no entanto, são tão antigos quanto o mundo. Esses Princípios foram ensinados por Jesus, o Cristo, antes dos Evangelhos. Dentre esses Princípios, destacam-se
·      A lei da evolução espiritual, através das encarnações;
·      A lei de causa e efeito: Não as faças que as pagas;
·      A importância do Pensamento, do Raciocínio, da Vontade e da Renúncia na vida dos seres humanos;
·      O valor da Disciplina, do Trabalho, da Moral, do Livre-Arbítrio e da Família;
·      Descartar do espírito a fé, as rezas, as crenças, o pedir e o louvar, bem como, o perdão, o milagre, a graça do evangelho bíblico e a salvação;
·      Ter a convicção de que, sob a denominação de Astral Superior, compreendem-se todos os espíritos de Planos Superiores, que superintendem a evolução deste Mundo, em comum acordo com Jesus, o Cristo. São Espíritos do Astral Superior que propiciam as Limpezas Psíquicas.
1.31 O Racionalismo Cristão, por tratar-se de uma filosofia espiritualista, isenta, portanto, de misticismo ou religiosidade, não admite o sobrenatural, mistérios nem dogmas. Tudo no Universo e na Vida tem explicação racional, dentro das leis comuns, naturais e imutáveis, que tudo regem.
1.32 A Doutrina Racionalista Cristã iniciou-se, primitivamente, com a denominação de “Espiritismo Racional e Científico Cristão”, valendo-se da mediunidade de pessoas bem intencionadas e da prática rudimentar do Espiritismo, para poder firmar as suas bases. À medida que foi evoluindo científica e espiritualmente, transcendeu-se do conceito Espírita para o Racional tomando, então, a designação própria de Racionalismo Cristão, que cuida única e exclusivamente do esclarecimento da humanidade e da sua evolução. Desta forma, ocupa-se em espiritualizar, educar, instruir, levantar as almas combalidas, fortificar os corpos enfraquecidos, combater os vícios e ensinar a criatura a ser justa, valorosa, honrada, simples e verdadeira.
1.33 O Centro Redentor é a Casa do Racionalismo Cristão. Assim como no ser humano o espírito tem o seu corpo físico, esta Doutrina também tem o seu corpo físico, a sua sede material, que é o Centro Redentor, uma casa apropriada à divulgação dos seus ensinos. A palavra “Redentor” dá sentido de libertação, pois, na realidade, é a Verdade que faz os homens livres espiritualmente, e nas Casas Racionalistas Cristãs expõe-se a Verdade. Pelo fato de ser “Centro”, não há que se confundir com “centro espírita”, que é coisa diferente. É centro porque centraliza, porque é lugar de convergência de atividades específicas que promovem a cultura espiritual, assim como, simplesmente, há Centros Culturais. Os que nele ingressam encontram ambiente acolhedor de paz e tranqüilidade. Durante as Sessões, trabalham os Espíritos dirigentes do Racionalismo Cristão em prol da evolução do Mundo. Assim procedem para normalização do estado psíquico das almas angustiadas, torturadas pelo sofrimento da vida, e para a higienização do ambiente terráqueo, no qual pululam milhares de milhões de espíritos perturbados.
1.34 A obra básica do Racionalismo Cristão, dentro de sua natural simplicidade, é bem profunda e deve ser vista como o alicerce basilar de conhecimentos cujo vigamento é forçoso ser erguido pelo esforço de cada um. Nos seus princípios fundamentais estão consubstanciadas uma concepção nova do Universo e da vida e uma conduta sã para os seres que a queiram seguir. Tal conduta, mercê dos conhecimentos que propicia, impele a criatura para o conhecimento de si própria, como Força e Matéria, mostrando que em toda manifestação de vida há um bruxuleio de inteligência que, como em nós próprios, faz parte da vida total.
Aprendemos, assim, a saber que somos pequenos fachos de luz, ainda muito embotados, de um imenso clarão que impulsiona o Cosmos — que é a Vida Inteligente Universal.
Força e Matéria são, no sentido doutrinário, a síntese do Universo!
Força é Vida, é Inteligência, é o princípio que tudo cria e anima. Só poderemos entender a Vida, no que ela possui de universal, de grandioso e profundo, conhecendo-nos a nós próprios, portanto, entendendo-nos como “inteligência”, e só é possível compreendermos o que somos como Matéria, devassando, com o auxílio da Física, esse microscópico sistema planetário que é o átomo. Com o seu estudo moderno, fragmentando-o em elétrons, mostrou-nos o homem de ciência que a matéria, outrora julgada inerte, é um grande reservatório de energias, as quais, no dia em que puderem ser utilizadas, mudarão o aspecto da face da Terra.
São esses pacientes trabalhos, desenvolvidos por pesquisadores do saber, que nos permitem afirmar que “da estrela mais distante, ao barro que pisamos, somos todos feitos do mesmo material”.
Essas duas palavras, Força e Matéria — que sintetizam o homem e o Universo —  representam, para as futuras gerações, um programa de estudos e realizações que continuará sempre, sem jamais parar.
1.35 O Racionalismo Cristão faz um apelo eloqüente e constante ao estudo e ao raciocínio, no sentido de que todos compreendam a necessidade imperiosa de se entregarem a perseverante esforço, para se tornarem cada vez melhores.
O conhecimento da vida real, que é um processo contínuo de estudo, jamais será compreendido por aqueles que se limitam a repetir, sem raciocinar, conceitos ligados a dogmatismos religiosos ou concepções obsoletas.
Por tudo isso, a divulgação dos Princípios Racionalistas Cristãos é, nos tempos que correm, medida imperiosa e de grande alcance.
Luiz de Mattos lançou o Racionalismo Cristão depois de sentir bem o estado deplorável a que chegara o caráter humano, e fê-lo sem poupar esforços, certo de poder oferecer ao mundo o grande e único recurso para dirimir os graves males morais que estavam, e ainda estão, assolando.
A sua vida de homem honrado, digno, empreendedor, prudente, perseverante e destemido, foi um exemplo de ação vivificante que perdurará como incentivo de forte repercussão na consciência vigilante das gerações presentes e vindouras.
Ele não quis impor a ninguém uma disciplina que não pudesse executar, e não condensou uma norma de conduta que não fosse a sua; daí a principal razão de haver sempre falado com a autoridade que lhe era peculiar, definidora da convicção que possuem os que sabem que podem dar o exemplo.
Procedeu Luiz de Mattos com o especial cuidado de apresentar os princípios racionalistas cristãos de modo prático e simples, ao alcance de todas a mentalidades, e o resultado aí o temos, vendo-os compreendidos e acatados por todas as classes sociais.
E tão simples são eles, que em uma só palavra poderiam ser sintetizados: essa palavra é CONDUTA. De fato o seu desdobramento visa esse grande objetivo de dar à criatura uma norma de conduta. E quando dizemos “norma de conduta”, referimo-nos ao procedimento do indivíduo na coletividade, em obediência à filosofia cristã. Por isso mesmo, o Racionalismo se chama também Cristão.
O que constitui uma realidade incontestável é que Luiz de Mattos, com este código de disciplina Cristão, criou uma mentalidade nova, que dia a dia mais se expande, à medida que dele vão tomando conhecimento aqueles que, nesta encarnação, já conseguiram partir as algemas das crendices e das concepções místicas.
É, pois, sob uma norma de conduta bem definida, modelarmente conduzida, que o racionalista cristão há de impor-se na luta pela vida, à consideração e ao respeito de todos. Não são as palavras, mas os atos e as atitudes, que assinalam o valor dos princípios que a criatura adota.
A vida ordenada de cada pessoa é o reflexo do seu sentir espiritual, e de nenhuma forma pode a conduta humana aproximar-se mais da doutrina de Jesus, codificada por Luiz de Mattos, do que estabelecendo uma norma de viver calcada, rigorosamente, nos ensinamentos racionalistas cristãos.

2. Por que vivemos?

2.1 Vivemos para cumprir a Lei da Evolução. A Evolução tem que ser operada a qualquer custo. Assim o impõem as Leis Naturais e Imutáveis que regem o Universo. E estas são indiferentes ao tolo pretencionismo dos que pensam poder iludi-las ou anulá-las.
2.2 Quando a evolução não for devidamente considerada, não há explicação lógica nem racional para a existência. Deve, por isso, todo indivíduo imprimir uma superior orientação à vida para encurtar o processo de sua evolução, esforçando-se por ser operoso e progressista e ter a atenção voltada para o aprimoramento da própria personalidade.
2.3 O princípio fundamental da vida no Universo é a Evolução. Nela reside a base do entendimento de tudo quanto se passa dentro e fora do alcance visual humano.
2.4 Negam a evolução, por ignorância uns, por cepticismo radical outros, por interesses sectaristas tantos, empreguem para reforçar essa negativa todos os sofismas, todos os floreios, todos os artifícios de linguagem de que forem capazes, e a evolução estará sempre presente, sempre viva, sempre atuante em todas as manifestações da vida, desde quando esta começa a despertar.
2.5 Por que tanto se interessam determinadas seitas em negar a evolução? Por que tão intransigentemente se opõem a ela? Por que não se curvam diante dela e a admitem e aceitam? O motivo não é difícil encontrar se considerarmos que o reconhecimento da evolução reduz a fagulhas a mística da salvação.
2.6 Se as organizações religiosas revelassem a Verdade aos seus adeptos, no tocante à fantasia dos perdões, da salvação eterna, da mansão celestial, do divino pai, do inferno, do demônio, do purgatório e de tantas outras invencionices, nenhuma delas se manteria de pé.
2.7 Desapareceriam as fontes de renda representadas pela indústria dos santos de madeira e de barro, das relíquias, dos dízimos do “Senhor”, das esmolas para os “Santos”, das rezas e de muitas outras práticas artificiosas.
2.8 Martelando a idéia da “salvação” na mente da criança, vai-se essa fantasia impregnando no seu corpo astral até criar raízes profundas. Mais tarde, quando adulta, repete maquinalmente o que se habituara a ouvir, sem querer submeter o caso ao raciocínio por sentir um desagradável choque entre o falso, por tanto tempo armazenado no subconsciente, e o verdadeiro, latente no sentido consciente.
2.9 Além de absurdo, é o dogma da “salvação” um estímulo ao comodismo. O trabalho, a luta que o ser humano precisa travar, o esforço a que não pode deixar de empregar para conseguir a evolução espiritual e o progresso material, não são entendidos pelos sectaristas que melhor confiam na “graça”, e nos “favores”, na proteção da suposta divindade, do que em tudo mais.
2.10 Não se pense que os fanáticos vão admitir, como reais, as verdades aqui proclamadas. O fanatismo tolda a inteligência e não deixa raciocinar. Para o fanático, há livros sagrados ditados por um “deus”, dos quais ele não pode nem deve duvidar, sob pena de cometer grande pecado e pôr em risco a sua “salvação”.
2.11 A aceitação da Evolução implicaria na destruição de um sistema de que participam, direta ou indiretamente, milhões de indivíduos cujas conveniências pessoais são colocadas acima dos interesses da humanidade.
2.12 Nem todos os adversários da evolução estão convencidos da sua inexistência. Não é pequeno o número dos que, mesmo combatendo-a, intimamente a admitem. Alguns a negam por não lhes ser profissionalmente conveniente a verdade. Outros, por subordinação a dogmas que os tornaram fanáticos e obscurantistas.
2.13 A Evolução faz-se sentir em tudo: na semente que brota para transformar-se em flor; na árvore que se agiganta e frutifica na trajetória de um ciclo; no ser humano que penetra na escola analfabeto e da lá sai cientista; no desenvolvimento das artes, das letras, das ciências, da música, dos laboratórios, das indústrias, das invenções e das utilidades sociais.
2.14 O homem surgiu neste mundo como resultado da evolução dos animais que o precederam. E, apesar do adiantamento atual do Planeta, a marcha evolutiva nos três reinos da natureza prossegue sem qualquer interrupção ou alteração. Apenas os que agora iniciam o seu progresso em corpo humano encontram, na época presente, condições mais favoráveis ao seu desenvolvimento mental.
2.15 O observador que quiser enxergar tem diante dos olhos o quadro da evolução do espírito na vida terrestre. Não existem dois indivíduos iguais, embora os haja semelhantes. Cada um está promovendo o seu progresso a seu modo e a sua custa, de acordo com o procedimento que tem adotado no transcurso das encarnações passadas, num período de milhares de anos.
2.16 Os que usaram melhor o livre-arbítrio, é evidente, conseguiram evoluir mais do que outros menos cuidadosos, no mesmo número de encarnações.
2.17 Aí está uma das razões que explicam a grande heterogeneidade de mentalidades, disparidades de sentimentos e divergências de conceitos, que se observam no meio do povo.
2.18 É que o número de encarnações realizadas varia de indivíduo para indivíduo, como varia também o aproveitamento que cada qual adquire por esforço próprio.
2.19 Veja-se como esta revelação da vida transmitida ao conhecimento humano é diferente da que os sectaristas apresentam, cheia de incoerências, absurdos e contradições, porque baseada nas sandices bíblicas, em parte inspiradas por espíritos galhofeiros do astral inferior, conhecidos como “profetas”, que se serviram, não raro, de médiuns confabuladores, iguais aos muitos que por aí andam a explorar o imenso filão da crendice, do qual auferem grandes lucros em pretensas ciências.
2.20 Quando foram escritos, há milhares de anos, os livros que ainda hoje, no século das luzes, embevecem e atrofiam o raciocínio de milhões de adoradores, estava este mundo em condições bem inferiores às atuais.
2.21 A compreensão e conhecimento das coisas são frutos da evolução do espírito, e muitos dos que hoje estão encarnados já consideraram a vida sob um aspecto que se aproxima cada vez mais da Verdade.
2.22 É lamentável que o ser humano transforme, por ignorância, a larga estrada da evolução, num estreito, áspero e sinuoso caminho repleto de obstáculos difíceis de transpor.
2.23 Todos terão de compreender, cedo ou tarde, que a humanidade caminha na mesma direção e para alcançar um idêntico fim, que é o aperfeiçoamento, e só é possível pelo esforço próprio bem orientado, pelo trabalho individual disciplinado e pela conquista do saber à custa de atividade intensa e permanente.
2.24 Deve o indivíduo procurar a si mesmo, e em si mesmo aprender a confiar, consciente de serem imensos e inavaliáveis os recursos que possui para levar a bom termo cada existência física.
2.25 Com este pensamento ficará sincronizado com a corrente da evolução por onde fará a sua ascensão espiritual, sem grandes tropeços e sem maiores sacrifícios.
2.26 O medo e a temeridade são dois extremos, em cujo ponto médio está a coragem — virtude componente da fisionomia do caráter.
2.27 Todos os atributos morais estão eqüidistantes desses dois extremos. Ainda em posições extremas, situam-se o perdulário e o avarento, mas o comedido fica no centro, que representa a posição real para todos os seres de caráter bem formado.
2.28 Nessas mesmas posições extremas estão as qualidades negativas que inferiorizam o espírito, enquanto que no centro, ao contrário, refulgem as positivas, ideais, construtivas, que engrandecem, fazendo-o crescer na escala ascendente da evolução.
2.29 Como o perdulário e o avarento, também a malquerença e a adoração ocupam pontos extremos, mas a amizade e a virtude têm lugar destacado no centro.
2.30 Homens e mulheres se despencam pelos flancos de perigosos abismos, por não quererem compreender que entre duas forças iguais e opostas existe sempre um ponto central de equilíbrio, em que deveriam manter-se para poderem desfrutar as vantagens que ele oferece.
2.31 Tanto a malquerença como a adoração criam situações condenáveis: enquanto a malquerença desperta o sentimento de aversão, de ódio e vingança com os mais perniciosos efeitos para o agente, a adoração conduz ao temor, à humildade subserviente e subalterna, à subjugação das iniciativas, à alienação da vontade, à falta de confiança do indivíduo em si mesmo, sempre em desprestígio do espírito e em flagrante anulação do seu próprio valor.
2.32 Em ambos os sentimentos, aqui apenas citados como exemplos, a evolução ou se retarda ou não se produz, o que muito prejudica o caráter. Trabalhar para aperfeiçoar, cada vez mais, esse grande, esse inconfundível atributo (a evolução), é acumular riqueza espiritual de inexcedível valor.
2.33  Não se deve confundir evolução com cultura. Ser evoluído é muito mais praticar a Moralidade Racionalista do que possuir erudição ou conhecimentos técnicos. Não confundir o Espiritualismo Racionalista com religiosidade. Espiritualismo Racionalista é entender que o Universo é constituído por Força e Matéria e que a Vida é a ação da Força sobre a Matéria. Religiosidade é ausência de raciocínio. São os dogmas, a fé, o misticismo, a salvação, o perdão, a graça e demais estultices.

3. O que é Deus?

3.1 Na concepção dos homens, Deus é uma divindade de personificação masculina, superior e criada por eles para explicar o Universo. Os deuses possuem, invariavelmente, os caracteres físicos e mentais dos seres que os conceberam.
3.2 Não importa que os homens, invertendo a realidade dos fatos, afirmem que foi Deus quem criou o homem à sua imagem. A verdade é bem outra, e não é preciso ter grande imaginação para descobrir o logro multissecular de que tem sido vítima a humanidade.
3.3 Foi o homem quem imaginou, quem concebeu, quem criou os deuses. Criou-os mentalmente, com a forma humana e as mesmas qualidades e defeitos que possui.
3.4 Nessa criação estão claramente refletidos os sentimentos dos criadores.
3.5 O deus corpóreo figura em todas as religiões. No credo — que é a oração principal de uma delas — aparece com o filho sentado ao seu lado direito, compondo um quadro de vida material comum.
3.6 O conceito da divindade, embora variando de raça para raça, não modifica a tendência geral relativamente à concepção do deus-rei, todo-poderoso, distribuindo prêmios e castigos.
3.7 Na Bíblia, no Velho Testamento — livro sagrado e intocável para tantos adoradores — existem referências ao deus de temperamento iracundo e vingativo da época.
3.8 Esse vergonhoso sentimento, especialmente em um deus, nada mais é do que o reflexo do sentimento do próprio povo que o imaginou.
3.9 Quando a criatura, de evolução em evolução, chegar a compreender que é como espírito, Força, Inteligência e Poder; quando se convencer de que possui atributos morais para vencer, racionalmente, quaisquer dificuldades, quando adquirir a consciência da sua condição de partícula de um Todo harmônico (dele inseparável) que é o próprio Universo Espiritual, cairão por terra, como inautênticas e ridículas, as idéias primitivas do deus protetor ao qual vivia jungida.
3.10 Os que hoje rendem culto a um deus abstrato, acharão (ao cabo de tantas encarnações quantas precisarem para atingir o necessário esclarecimento) tão tolo esse culto, quanto ridícula os civilizados agora entendem ser a idéia, que também já alimentaram, de adorar deuses representados por elementos da natureza ou animais inferiores.
3.11 Para a maioria, deus é uma entidade que se presta a promover castigos, distribuir graças e a lavrar, em caráter eterno ou temporário, condenações ou absolvições.
3.12 E, note-se: o deus, a quem são dirigidos os pedidos, é de tal maneira desavisado e vive tão alheio, tão  arredio, tão indiferente aos problemas humanos, que a sua atenção para esses problemas somente é despertada através dos apelos que recebe.
3.13 É preciso que se lhe peça piedade, para que se apiede; que se lhe suplique misericórdia, para tornar-se misericordioso; que se lhe implore paz, para que pacifique; que se lhe rogue justiça, para que seja justo.
3.14 É comum atribuir-se a Deus, cujos desígnios afirmam ser impenetráveis, a responsabilidade de grande parte das coisas que acontecem na Terra.
3.15 Dessa maneira, se desencarna uma pessoa da família, foi deus quem a levou. Se acontece um desastre, deus assim o quis. Se alguém escapa de ficar sob as rodas de um automóvel, a deus passa a ser creditado o salvamento da quase vítima. A individualidade fica sempre subordinada à ação de uma terceira entidade, e essa subordinação exerce esmagadora influência negativa sobre o espírito humano.
3.16 Por aí se vê quanto as religiões são incapazes de transmitir aos seus adeptos a verdadeira noção da vida espiritual, pela completa ignorância em que se mantêm com relação à existência da vida fora da matéria.
3.17 No Racionalismo Cristão se ensina que o espírito é uma ínfima fração da Inteligência Universal em evolução. Ele também demonstra ser o Universo constituído de Força e Matéria, enchendo a Força, que incita e movimenta todos os corpos, o Espaço infinito.
3.18 A Força é representada no Racionalismo Cristão sob uma denominação comum: Força, Inteligência Universal ou, ainda, Grande Foco.
3.19 A Força mantém o Universo regido por leis comuns, naturais e imutáveis. Comuns, porque inerentes a todos, sem a mínima exceção; naturais, por decorrerem de uma seqüência lógica no processo da evolução; imutáveis, por serem absolutas e neste sentido não há lugar para o imprevisto, para o acaso ou a dúvida, imperando — só e sempre — a exatidão, a certeza, a perfeição.
3.20 A Força age em obediência às leis evolutivas, utilizando-se da Matéria no estado primário desta e com ela forma corpos e realiza fenômenos incontáveis e indescritíveis que escapam à apreciação comum, considerados os limitados recursos deste Planeta.
3.21 Vê-se, pois, que é a Força o atributo fundamental predominante no reino mineral. No vegetal, a Força é vida, e finalmente no reino animal — além desses dois últimos atributos — predomina também a inteligência.
3.22 As forças que atuam no átomo para produzir fenômenos psíquicos são impulsionadas pelo Espírito, por ser este uma Partícula da Força Total, da qual possui poderes congêneres, porém, limitados ao estado de evolução já alcançado.
3.23 Força é a expressão empregada quando da sua associação com a Matéria, e Grande Foco quando se quer exprimir o Agente Universal, na sua concepção infinita. São, porém, termos sinônimos, de igual sentido.
3.24 Ninguém, por mais sofista que seja, poderá apontar em qualquer dessas duas expressões a mais ligeira afinidade com o vocábulo “deus”, já tão desmoralizado pelo sentido mesquinho e materialista que lhe emprestam os adoradores de todas as religiões.
3.25 Não se pode expressar a grandeza infinita de uma valor absoluto, com palavras de sentido relativo, como são os da linguagem comum.
3.26 As palavras Grande Foco ou Força, ainda quando não exprimam toda a realidade do seu sentido, são adotadas por falta de termos mais expressivos.
3.27 Grande Foco dá a idéia de luz e também de intensidade de brilho.
3.28 A palavra “Grande”, com “G” maiúsculo, quer dizer Total. É, sem dúvida, uma expressão bastante acessível àqueles que ainda não podem penetrar mais profundamente nas questões demasiadamente abstratas.

4. Quem sou eu?

4.1 O ser encarnado ou desencarnado é sempre um espírito, partícula da Inteligência Universal. Portanto, eu sou um Espírito. Quando encarnados estamos sujeitos às contingências da vida terrena, algumas das quais escapam inteiramente à nossa vontade. A denominação “Espírito” só se dá à partícula de Força que haja adquirido condições evolutivas para encarnar em corpo humano. O Espírito é uma partícula da Força Total, da qual possui poderes congêneres, porém limitados ao estado de evolução alcançado.
4.2 O Espírito faz sua trajetória neste planeta em condições apropriadas ao seu estado de adiantamento, passando em cada reencarnação a viver em meio adequado ao progresso já alcançado, até terminar a parte da evolução que corresponde a este mundo.
4.3 O Espírito é luz, é inteligência, é vida, é poder criador e realizador. Nele não há matéria em nenhum dos seus estados. É, portanto, imaterial. Partícula individualizada, assim se conserva em toda a trajetória que faz no processo da sua evolução.
4.4 O Espírito é indestrutível, indivisível e eterno. Evolui para o aperfeiçoamento cada vez maior. Como partícula do todo, é inseparável dele e subsiste a qualquer transformação, nada havendo que o possa destruir.
4.5 O Espírito é um operário, que participa com seu esforço, inteligência e operosidade da evolução geral. O Espírito trabalha diretamente para o conjunto e indiretamente para si mesmo. Esta asserção é verdadeira, quer se refira ao encarnado, quer ao desencarnado. No trabalho em corpo astral, o conjunto é o Universo; no labor em corpo carnal esse conjunto é, principalmente, a humanidade.
4.6 Enquanto o ser humano não adquirir pleno conhecimento de si mesmo como Força e Matéria, nenhuma indagação filosófica poderá exercer influência no apuramento da sua conduta individual.
4.7 Quanto mais segura, mais nítida e realista for a compreensão da ação do espírito sobre o corpo físico, vale dizer da Força sobre a Matéria, mais depressa a clarividência do sentido espiritual revelará ao estudioso as funções vitais da natureza universal.
4.8 Em Força e Matéria se resume, se sintetiza, se define, se explica toda a verdade da vida.
4.9 O Universo é composto de Força e Matéria. A Força é o agente ativo, inteligente, transformador. A Matéria é o elemento passivo plasmável.
4.10 Quando o Espírito atua na matéria, para manifestação da vida biológica, Luiz de Mattos denominou esse espírito de Força, pois o Espírito é muito mais que inteligência. É Força organizadora, é Força pensante, é Força inteligente. A Força só pode agir de acordo com o seu estado evolutivo e em fiel obediência à Lei da Atração. É naturalíssimo que um Espirito encarnado habituado desde o berço a escutar falar num criador, Deus, durante algumas dezenas de anos, não possa de pronto varrer de seu pensamento essa suposta entidade, e aceitar a realidade, clara e simples, de tudo que compõe o Universo ser somente Força e Matéria.
4.11 Assim, de mudança em mudança, de um corpo para outro imediatamente superior, vai a partícula de Força evoluindo até atingir condições que lhe permitam, já como espírito, encarnar em corpo humano, em situação de exercer a faculdade do livre-arbítrio e assumir as responsabilidades inerentes a essa faculdade.
4.12 O Espírito é luz, e, como tal, brilha com intensidade correspondente ao seu progresso. Intensidade de luz quer dizer intensidade de vibração. Quanto maior for essa intensidade, mais acentuado é o conhecimento da vida, mais evidente a ação dinâmica espiritual, mais seguro o controle dos atos humanos e mais apurado o uso do livre-arbítrio.
4.13 À medida que cresce a intensidade da vibração do Espírito, vai diminuindo a possibilidade de deixar-se ele empolgar pelas correntes vibratórias de inferior espécie e de praticar ações que a sua consciência reprove.
4.14 O Espírito se liga a todo conjunto corpóreo por cordões fluídicos, para possibilitar o equilíbrio das funções humanas.
4.15 O Espírito não tem sexo, ainda que se verifiquem na Terra tendências e ações masculinas e femininas. É ele próprio quem delibera a respeito do sexo que vai adotar, quando se decide a reencarnar.
4.16 Em regra geral, se encarna como mulher, é para ser mãe. E essa tendência é tão acentuada que manifesta interesse especial pelas bonecas, cujo corpo afaga, como se fosse mãe a acarinhar o filho. O mesmo se dá com o menino, que volta a sua atenção para os cavalinhos, automóveis ou caixas de ferramentas.
4.17 A Matéria não tem faculdades. Essas, que são inumeráveis, pertencem todas ao Espírito, convindo assinalar que somente pequena parte delas é revelada na vida terrena.
4.18 A Luz é um estado de consciência que pode ser alcançado quando irradiamos regularmente aos Espíritos Superiores nas Sessões das Casas Racionalistas ou na Limpeza Psíquica praticada no Lar. Com a Luz, teremos condições de ampliar nosso entendimento e raciocínio, expandir nossa consciência e de compreender claramente a Verdade e as Instituições das Forças Superiores.

5. De onde vim?

5.1 Como estamos encarnados na Terra e por ser a Terra um mundo de Escolaridade, nós viemos de Mundos Materializados, ou de Mundos Opacos ou ainda de Mundos Brancos.
5.2 Distribuídos na série de 33 classes, de acordo com o grau de desenvolvimento de cada um, os espíritos fazem a sua evolução partindo da seguinte ordem de Mundos:
·      Mundos Materializados:                 da 1ª à 5ª classe
·      Mundos Opacos:                    da 6ª à 11ª classe
·      Mundos Brancos:                   da 12ª à 17ª classe
·      Mundos Diáfanos:                  da 18ª à 25ª classe
·      Mundos de Luz Puríssima:     da 26ª à 33ª classe
5.3 Os espíritos que fazem a sua evolução no planeta Terra pertencem às primeiras 17 classes, de uma série de 33.
5.4 A Terra é um Mundo de Escolaridade em que as 17 primeiras classes, da série de 33, promovem a sua evolução, partindo da 1ª e chegando à 17ª, em períodos que variam muito, de espírito para espírito, mas que se elevam, sempre, a milhares de anos.
5.5 Os Mundos de Escolaridade são de natureza idêntica ao nosso Planeta. A eles chegam por tal razão espíritos de várias classes diferentes, para promover, entre si, o intercâmbio de conhecimentos intelectuais, morais e espirituais.
5.6 Acima da 17ª classe, só eventualmente um ou outro espírito encarna neste mundo, não por exigência da sua evolução, mas para auxiliar a humanidade a levantar-se espiritualmente, numa bela e espontânea manifestação de inteligência e desprendimento, pois são espíritos pertencentes aos Mundos Diáfanos (18ª à 25ª classe) ou aos Mundos de Luz Puríssima (26ª à 33ª classe).
5.7 Nenhum espírito encarna tendo como ponto de partida o Astral Inferior. Ele passa do Astral Inferior para o mundo correspondente à sua classe, e somente desse seu mundo poderá vir a encarnar.
5.8 No mundo correspondente à sua classe, o espírito traça os planos para a nova encarnação que deseja ardentemente aproveitar ao máximo. Sua maior esperança é não perder tempo na Terra, não fracassar, não tornar inútil o sacrifício de encarnar.
5.9 Os espíritos de classes inferiores, especialmente os da 1ª, encarnam sob a orientação de outros mais evoluídos. Esses espíritos são como crianças que precisam de quem os acompanhe ao Jardim da Infância.
5.10 Logo que se opera uma fecundação, ela é imediatamente constatada nesses planos e um espírito acorre a cumprir uma das mais importantes determinações das leis naturais (a reencarnação) dentre os que aguardam, sem temor ou relutância, a sua vez, compenetrados dos deveres que lhes cumprem.
5.11 Determinado a reencarnar, e identificada a aquela que lhe vai servir de mãe, o espírito assiste e acompanha a formação do seu corpo físico durante a gestação, até completar a evolução fetal, quando dele toma posse inteira, absoluta à natalidade, ficando unido, ligado ao mesmo por cordões fluídicos.
5.12 O corpo carnal em formação vai sendo envolvido, molécula a molécula, pelo corpo fluídico do espírito que sobre ele irradia, postado do lado de fora do corpo da gestante, até o momento de vir à luz, quando então dele se apossa inteiramente.
5.13 Consumada a encarnação, fica o espírito apoiado no seu corpo astral, justaposto ao corpo da criança, do lado esquerdo.
5.14 Logo que o espírito encarna, passa a criatura a ser constituída por três corpos:
1)    Corpo Mental: Espírito — Força
2)    Corpo Astral: Corpo de Matéria Fluídica própria do Mundo de onde veio
3)    Corpo Carnal: Corpo Físico.
Nota: Não confundir a definição de Perispírito do Kardecismo com a do Corpo Astral do Racionalismo Cristão. Os kardecistas afirmam ser o Perispírito um invólucro semimaterial, tirado do fluido cósmico universal, próprio do globo em que o Espírito encarnou. Já Luiz de Mattos define o Corpo Astral como sendo um invólucro semimaterial, porém tirado do Mundo a que pertence o Espírito, e não do globo em que ele reencarnou.
Com essa constituição o espírito encarnado terá de exercer suas funções terrenas e viver, distintamente, as duas vidas: a material e a espiritual.
5.15 O Corpo Mental, a Força, para o qual estão voltadas as atenções dos estudiosos, é o agente vivo e inteligente que governa os outros dois corpos: o Astral e o Material, sendo, portanto, responsável por todas as manifestações da vida.
5.16 A Lei da Transformação da Matéria, a que estão sujeitos o Corpo Astral e o Corpo Físico, jamais atinge o Corpo Mental. Eterno e imutável, na sua essência, ele oferece, à medida que evolui, admiráveis demonstrações de potencialidade e valor.
5.17 O Corpo Astral é o liame, a ligadura entre os corpos Mental e Carnal. Ele está preso, partícula por partícula, ao Corpo Mental, em virtude da vibração permanente deste, e envolve todo o Corpo Carnal, ao qual está unido por cordões fluídicos.
5.18 Durante o sono, o espírito se afasta com o seu Corpo Astral (do qual não se aparta nunca) sem interromper, contudo a união com o Corpo Carnal, ao qual continua a transmitir o calor e a vida através dos cordões fluídicos já mencionados.
5.19 Por maiores, mais extensas que sejam as distâncias que separam o espírito do seu instrumento corpóreo, jamais a ligação entre eles se interrompe, não só porque tal interrupção significa a desencarnação, como pela natureza dos cordões fluídicos que se distendem sem limites.
5.20 O espírito, quando encarna, isola-se do seu passado, esquecendo-se por completo das encarnações anteriores, apenas retendo em seu subconsciente a experiência das provas pelas quais passou e as tendência resultantes do uso que fez do livre-arbítrio.
5.21 Isso representa um grande bem para o espírito. Primeiro, porque a cortina de matéria, impedindo que se reconheçam desafetos de outras encarnações, possibilita a reconciliação destes, aproximando-os sem ressentimentos ou malquerenças. Segundo, sem a visão temporária dos erros do passado, que tantas vezes humilham, envergonham e até subjugam, alienando a vontade, o espírito encarnado como que se inicia em uma nova existência, em cada passagem terrena.
5.22 Assim têm feito e continuam a fazer bilhões deles em sua trajetória por este mundo, numa longa série de encarnações.
5.23 Tudo quanto de bom adquiriu o espírito com esforço e trabalho, conserva para sempre e essas conquistas, esses bens, esse patrimônio lhe prestam valiosa colaboração em cada encarnação, facilitando a aquisição de novos conhecimentos, de novas qualidades e de melhor apuração de seus atributos.
5.24 Se a humanidade se compenetrasse do que representa na vida do espírito uma encarnação bem aproveitada, não se constatariam tantas falências e tamanho descaso na Terra pelos valores espirituais.
5.25 O espírito de uma determinada classe pode observar o que se passa com outros espíritos da sua e das classes inferiores. Não o pode fazer, entretanto, no que se relacione com as classes superiores.
5.26 Os que ficam, os que perdem o contato com velhos e queridos amigos, companheiros de longas jornadas em muitas e muitas encarnações, sofrem, por isso, a dor igual à que sentem os que vêem na Terra desencarnar os entes queridos.
5.27 Esse contato — sabem-no os seres nos planos espirituais — poderá ser restabelecido. Mas, de que maneira? A resposta é óbvia. Se uma pessoa anda mais devagar que outra que caminha mais depressa, logo se distanciam ambas. E se a que vai na frente não está disposta a reduzir os passos, a que lhe leva desvantagem terá que aumentá-los, se quiser alcançá-la.
5.28 Pois é precisamente isso que fazem muitos espíritos, quando tomam a decisão de encarnar, decididos a enfrentar todos os sofrimentos da vida terrena, que sabem ser passageiros, para se enriquecerem de conhecimentos e valores morais que os habilitem a ascender à classe imediata.
5.29 Com ânimo forte e redobrado esforço, conseguem recuperar o tempo que perderam e reaproximar-se, fraternalmente, dos que lhe haviam passado à frente.

6. Para onde vou?

6.1 Iremos todos nós, ao desencarnarmos, para os Mundos de Estágio. E, assim que deixarmos a atmosfera da Terra, cada um de nós ascenderá ao mundo correspondente à nossa própria classe, pois, nesses Mundos não estagiam espíritos de classes diferentes.
6.2 Os mundos dividem-se em duas grandes categorias: Mundos de Estágio e Mundos de Escolaridade.
6.3 Somente no mundo relativo às classes a que pertencem, para onde terão de seguir antes de voltarem a encarnar (Mundos de Estágio), é que os espíritos — livres de toda perturbação e em plena lucidez — reconhecem o grande atraso que traz à evolução do ser humano a desencarnação prematura.
6.4 Nos Mundos de Escolaridade, as emoções fazem parte da vida cotidiana. Essas emoções são experimentadas, indistintamente, por todos seus habitantes. Quando o homem se torna superior às sensações da pobreza e da fortuna que completam o quadro das referidas emoções, aí, sim, o sentido da vida espiritual começa nele a despertar.
6.5 Ninguém pode passar a um Mundo mais evoluído, enquanto neste se mantiver saturado de enganosas idéias sobre a vida e proceder, erroneamente, de acordo com elas.
6.6 Somente após a desencarnação, os corpos mental e astral deixam definitivamente o corpo carnal.
6.7 A concepção da morte resulta de um entendimento da vida completamente errado. Na verdade, ela jamais existiu. O espírito é imperecível. Por isso, não morre nunca.
6.8 A desencarnação deverá ocorrer, normalmente, na velhice. O corpo humano é como uma flor ou como um fruto: nasce, cresce, viça e fenece. Quando fenece, deixa de ter qualquer utilidade para o espírito. Impõe-se, pois, uma solução natural, espontânea e sábia, que é a desencarnação.
6.9 Muitos fatores na Terra, tais como mudanças bruscas de temperatura, abalos sísmicos, poluição do ar, insalubridade de certas regiões, surtos epidêmicos, os abundantes meios de contaminação, os vícios e ainda a influência perniciosa dos espíritos do astral inferior, contribuem para a desencarnação prematura das criaturas.
6.10 Somente em casos excepcionais a desencarnação poderá ter lugar antes do ser encarnado haver completado as quatro fases da existência terrena (infância, juventude, madureza e velhice), sem prejuízo para ele. É quando, por exemplo, o espírito pertence à classe superior à 17ª e baixa à Terra em missão especial de fazer despertar a humanidade ou contribuir para as transformações morais que possam acelerar o ritmo da evolução do planeta.
6.11 Na desencarnação prematura, há a considerar, ainda, determinados fenômenos sociais geradores de conflitos e guerras de extermínio.
6.12 De qualquer modo a desencarnação, antes da época própria, representa sempre um lapso na evolução da criatura, e só encontra um meio de ser reparada: a reencarnação.
6.13 O que é afinal a desencarnação? Em que consiste? Como se processa?
A desencarnação é um fenômeno natural na vida dos seres humanos. Ela significa o oposto da encarnação. O espírito encarna quando se apossa do corpo, à natalidade, e desencarna no exato momento em que abandona definitivamente esse corpo.
6.14 Quando isso acontece, o espírito faz com que se desprendam os laços fluídicos que transmitiam a vida ao corpo físico e dele se afasta com o seu corpo astral.
6.15 Uma vez abandonado pelo espírito, o corpo físico nada mais é que um composto de matéria. A sua fonte de vida já não existe. Cessada esta, pelo afastamento do espírito, cai no domínio das leis químicas, desintegra-se, e suas moléculas passam a compor outras formas de vida e constituir outros organismos.
6.16 É natural o sentimento dos que ficam, diante da ausência dos que partem. O sentimento, sim, o desespero, não. A saudade é compreensível e se admite. A mortificação, jamais.
6.17 Quando o ser desencarna, se não possui, como acontece com a maioria, esclarecimento a respeito da vida espiritual, são as coisas intimamente relacionadas com a matéria que mais o influenciam nos momentos que antecedem e sucedem à desencarnação, da qual comumente não se apercebe.
6.18 Essa influência é mais forte, mais dominadora ainda, quando o espírito viveu enchafurdado nos vícios, com os pensamentos voltados para os prazeres materiais.
6.19 Em tal estado — e porque o corpo astral lhe dá a impressão do carnal — vagueia pela superfície da Terra andando como qualquer transeunte, aborrecido com a falta de atenção dos encarnados que não se apercebem, é claro, da sua presença. Não lhe faltam, porém, oportunidades para fazer relações com outros espíritos desencarnados, em situação idêntica.
6.20 Os movimentos na superfície terrestre dos espíritos desencarnados obedecem às condições dos seus corpos astrais. Se estes estão impregnados de elementos grosseiros pela conduta viciosa que tiveram aqueles, locomovem-se, a passo, como fazem os seres encarnados.
6.21 Os que levaram, no entanto, uma existência terrena menos materializada, deslizam na atmosfera, de acordo com a densidade de seus corpos astrais, impelidos pela ação do pensamento.
6.22 Apesar de esses espíritos compreenderem, com relativa facilidade, o fenômeno da desencarnação, seus pensamentos se fixam em demasia nos acontecimentos da vida terrena, com o desejo de continuarem a sentir as emoções e os prazeres dessa mesma vida, passando então a atuar sobre as criaturas encarnadas, e essa atuação, quando persistente, acaba por tornar-se obsessiva. É esse desejo que os leva a permanecer na atmosfera da Terra, numa atividade semelhante à que tiveram como encarnado.
6.23 Os que foram médicos, por exemplo, procuram exercer as suas atividades onde encontram mediunidade desenvolvida e desprotegia da disciplina Racionalista Cristã.
6.24 Acontece, porém, que não dispondo os espíritos, na atmosfera da Terra, de meios para ampliar os seus conhecimentos, não podem evitar as mistificações nem se livrar das influências deletérias do ambiente em que vivem. São, por isso, sempre prejudiciais as suas atuações, enquanto se mantiverem na atmosfera da Terra, qualquer que seja o grau de evolução que tenham alcançado.
6.25 Os religiosos educados no regime do terror acovardam-se, inicialmente, ao penetrar no astral inferior, pensando no purgatório ou no inferno.
6.26 Observando a seguir que foram enganados, perturbam-se, perdem a noção do seu estado, numa situação de completa perplexidade e acodem desorientados às igrejas, como que em busca de um roteiro, de um guia, de uma tábua de salvação.
6.27 Com o correr do tempo vão se familiarizando com o ambiente e travando conhecimento com outros desencarnados, em situação idêntica.
6.28 Não é sem decepção e sofrimento que muitos vêem ruir e desfazer-se o castelo de fantasias que construíram na mente com o abundante material sugestivo da mística religiosa.
6.29 Mesmo assim, é tal o apego a santos e aos deuses, e tão grande, tão profundamente enraizado o temor de serem castigados, que nem mesmo nesse estado de semiconsciência espiritual são capazes de fazer funcionar o atrofiado raciocínio para a libertação que tantos benefícios lhes proporcionariam.
6.30 É relativamente pequena a transformação que o desencarnado observa, ao penetrar no astral inferior: vê que possui um corpo igual ao carnal e enxerga o quadro da vida material terrena, como sempre o conheceu.
6.31 Expressando-se, como os demais desencarnados, pela ação do pensamento, como se estivesse falando, pode mesmo ouvir o timbre do som que lhe dá idéia de ser da sua própria voz.
6.32 Esse fenômeno é perfeitamente compreensível: os pensamentos possuem diferentes densidades e, em decorrência, um som especial, característico e individual.
6.33 Todos esses fatos contribuem para que o desencarnado se acomode no astral inferior, na ignorância dos males que lhe advêm dessa permanência num meio em que a evolução é paralisada, com a agravante de armazenar, para resgate futuro, ônus mais ou menos pesados, conforme a atividade que se entregou nesse setor de baixa espiritualidade.
6.34 É erro supor que todos os espíritos que desencarnam estagiam no astral inferior. Muitos ascendem imediatamente aos mundos de sua classe, sem permanecerem um só instante na atmosfera da Terra. O primeiro dever do espírito, depois que desencarna, é ascender ao mundo a que pertence, sem se deter na atmosfera da Terra.
6.35 Esses são os que sabem viver espiritual e materialmente, os que vêem no trabalho honrado uma das sérias razões da vida, os que se mantêm puros, limpos, e incontaminados os pensamentos.
6.36 Os que assim vivem e pensam atraem as Forças Superiores, que os assistem no momento da desencarnação, principalmente auxiliando-os a trasladarem-se para os seus mundos.
6.37 Céus beatíficos e paradisíacos, purgatórios estagiários e infernos ou demônios e caldeiras incandescentes, são imaginosas criações humanas que o próprio bom senso repele. O mesmo acontece com relação a um suposto julgamento divino. É pura invencionice. Não existem deuses para julgar os que desencarnam.
6.38 Deixada a atmosfera da Terra — e com ela todos os fatores de confusão e perturbação — os espíritos vêem, com alegria, o que fizeram de bem, e com profundo pesar as ações condenáveis.
6.39 Os cemitérios e as igrejas, onde se fazem mentalmente evocações de seres desencarnados, constituem pontos de atração de espíritos do astral inferior, pelas correntes fluídicas afins que os pensamentos de encarnados e desencarnados formam nesses locais. Por isso, sempre que o ser humano tiver que penetrar em tais meios, deve fazê-lo com consciência esclarecida, para não tomar parte na vibração dessas correntes.
6.40 Quando estiver, por exemplo, na obrigação moral de acompanhar os restos materiais de uma existência humana, deve desviar o pensamento da comunhão enfraquecida e erguê-lo sereno, claro, límpido, consciencioso ao Astral Superior, que é a meta para onde se dirigem todos os espíritos libertos de suas ligações com a matéria e das influências fluídicas, originárias das emoções inferiores das quais este planeta está saturado.
6.41 O esclarecimento a respeito de como se processa a evolução é um grande bem, por ser o único meio capaz de levar a criatura a encarar, com naturalidade, a desencarnação, pelo reconhecimento de tratar-se de acontecimento tão normal quanto a encarnação, no desdobramento da vida.
6.42 Precisam, pois, os seres encarnados auxiliar com pensamentos elevados os entes queridos que ascenderam aos seus Mundos, onde a vida é sentida realisticamente, sem as influências perturbadoras do plano terrestre.
6.43 Já é tempo de abandonar a crença de que os espíritos desencarnados necessitam de rezas, de preces ou orações Isto não é verdade. No campo espiritual, onde as influências perturbadoras não existem, a vida é sentida com inteira realidade. A lucidez do Espírito é completa. Este tem plena consciência da eternidade da vida e do processo da sua evolução.
6.44 Como ninguém pode cumprir o dever sem para isso estar preparado, os espíritos desencarnam, na sua maioria, envoltos na névoa embriagadora das sensações materiais agravadas pelas fantasias criadas pelas místicas religiosas, e passam, assistidos por obsessores, a engrossar as hostes dos que estagiam na atmosfera da Terra.
6.45 Somente os que não se esquecem, quando encarnados, dos deveres espirituais e a eles condicionam toda a grandeza da vida, estão preparados para a ascensão aos Mundos a que pertencem, sem resvalar pelas correntes impuras do astral inferior.

7. Por que sofremos?

7.1 O ser humano sofre porque desconhece a Verdade. É necessário que todos se esclareçam sobre a finalidade da Vida e a maneira correta de conduzir-se na existência terrena, para evitar sofrimentos desnecessários e perdas de encarnações.
7.2 Para não sofrer, o ser humano deve fugir de extravagâncias, adotando as regras do bom senso comum em atos e palavras, e não se desviar do que preceituam as leis naturais e imutáveis da Vida, procurando entendê-las e cumpri-las.
7.3 Deve procurar conhecer-se como Força e Matéria, para bem distinguir a vida material da espiritual.
7.4 O Espírito é uma partícula da Inteligência Universal e, como tal, está subordinado à Lei da Evolução; logo é dever dos seres humanos procurar evoluir espiritualmente.
7.5 A calma e a serenidade são indispensáveis como condição importante para o acerto das resoluções a tomar; estas, quando bem orientadas, conduzem ao êxito.
7.6 Sofremos para estimular a marcha do Espirito rumo à sua evolução. A evolução do Espírito é o resultado do seu esforço, da sua vontade, das suas aspirações de progredir. Durante essa marcha ocorrem, porém, freqüentes pausas devidas à intolerância e ao comodismo do espírito encarnado, principalmente se ele não se vê muito assediado pelas dificuldades.
7.7 Mas, quando as atribulações vêm — e não deixam de vir, para sacudir, para despertar — aí, sim, sente-se o indolente perplexo, atordoado pela insegurança que constata no vácuo por ele próprio criado no interior de sua existência.
7.8 Hoje, como no passado, os que estudam os problemas e os conflitos humanos — e entre esses estudiosos se encontram, destacadamente, os praticantes do Racionalismo Cristão — sabem que somente pela educação espiritual poderá fazer-se de cada criatura um ser pacífico e verdadeiramente honrado.
7.9 Jamais o espírito se deverá deixar abater. Um revés não significa mais que um incidente passageiro. Ele deve servir para chamar a atenção para algo que foi negligenciado ou que era desconhecido. Muitas vezes chega até a ser útil.
7.10 De qualquer modo, sempre há de haver uma experiência a colher e uma lição a guardar de cada insucesso que ocorre.
7.11 Na vida nada acontece por acaso. Tudo tem a sua explicação, o seu motivo, a sua causa, a sua razão de ser. Ninguém pode aprender somente com o êxito, pois também se aprende, e muito, com o insucesso. A felicidade, a saúde e o bem-estar não seriam tão desejados se fossem desconhecidas a desgraça, a doença e a miséria.
7.12 Diante disso, ninguém deve esmorecer. O lema é sentir o mal para evitá-lo, para combatê-lo, para destruí-lo, e conceber o bem para conquistá-lo, para atraí-lo, para integrá-lo aos hábitos e costumes todos os dias.
7.13 A maioria das enfermidades têm suas causas predisponentes no enfraquecimento do espírito que, por seu abatimento, por seu desânimo, não comunica, não transmite ao corpo a vitalidade que nasce da energia.
7.14 Só depois de incontáveis desenganos e de sofrer muitos agravos, injustiças e ingratidões, é que o indivíduo mede, no íntimo da sua natureza espiritual, a extensão das misérias humanas, contra as quais se revolta, enojado dessas baixezas, fato que o leva a sentir repugnância por elas.
7.15 Assim, de repugnância em repugnância às mazelas reconhecidas e experimentadas, o espírito vai-se libertando das ações inferiores para colocar-se por convicção haurida do esclarecimento nas linhas rígidas da conduta modelar.
7.16 Fujam os seres, o quanto possam, da justiça terrena, tantas e tantas vezes falha na apreciação dos feitos humanos, mas jamais escaparão à sanções espirituais que os farão colher, no devido tempo, o fruto das sementes que houverem lançado sobre a Terra.
7.17 Ao delinqüente, não será imposta nenhuma sanção espiritual. Não há um Tribunal Astral. É o próprio espírito que à justiça se submete voluntariamente, no momento em que, livre de todas as influências deste mundo, procede a detido exame de seus atos, quando nem um só escapa à sua apreciação e julgamento.
7.18 O remorso, nessa ocasião, lhe queima a consciência, como se sobre ela tivesse sido posto um ferro em brasa. Dominado pelo arrependimento, anseia por nova encarnação, disposto a dar o máximo de si para recuperar, o mais cedo possível, o tempo que perdeu na Terra.
7.19 A vida humana está de tal maneira organizada que os acontecimentos ocorrem em época própria, assim considerada quando não são contrariadas, no decorrer da existência, as leis naturais.
7.20 É a violação dessas leis a causa freqüente de perturbações e desequilíbrios que, alterando o ritmo natural da vida, acarretam para o espírito profundos sofrimentos.
7.21 A dor moral — se acompanhada de desorientação — produz vibrações suscetíveis de atrair e reter influências e fluidos deletérios.
7.22 No entanto, desde que a criatura possua algum conhecimento da vida e perceba as associações existentes entre o corpo e o espírito — sem perder de vista a precariedade e transitoriedade dos valores terrenos — compreenderá a necessidade de opor reação imediata ao sofrimento, para não se deixar dominar por ele, assim como aos pensamentos de fraqueza que o poderão conduzir à depressão espiritual e física, causa de tantos avassalamentos.
7.23 É a queimadura de alto grau, produzida pelo atrito da luta íntima entre a constatação do mal praticado e a consciência do dever deixado de cumprir, que faz trabalhar o raciocínio, exercitando-o e desenvolvendo-o.
7.24 A grande maioria dos suicídios, dos casos de loucura, das desavenças, das arruaças, dos conflitos, das agressões, das discussões, das desordens, das intrigas e das convulsões por paixão política, é provocada pela interferência das forças do astral inferior.
7.25 Somente no mundo relativo à classe a que pertencem, para onde terão de seguir antes de voltarem a encarnar, é que os espíritos — livres de toda a perturbação e em plena lucidez — reconhecem o grande atraso que traz à evolução do ser humano a desencarnação prematura.
7.26 Na atmosfera da Terra, de um modo geral, os espíritos desencarnados do astral inferior, consideram melhor a vida que levam, sob certos aspectos, do que a dos encarnados. Por isso desejam, muitas vezes, que os amigos que deixaram na Terra também desencarnem, para fazer-lhes companhia, e passam a trabalhar astralmente para isso, sem que estejam movidos por qualquer sentimento de animosidade.
7.27 Para descobrirmos a Verdade, precisamos encontrar uma lente clara, pois se olharmos o mundo através de lentes coloridas, correremos o risco de deturpar a realidade dos fatos. O Racionalismo Cristão, para evitar sofrimentos, desencantos e fracassos, nos oferece a lente límpida das suas obras, as quais darão, através do estudo, uma orientação segura aos amargurados e àqueles que vivem indecisos e sem objetivo.
7.28 A Doutrina Racionalista Cristã é esclarecedora, mas não milagrosa. Se os milagres fossem possíveis, veríamos crescer um membro amputado do corpo humano. As paredes das salas de milagres das igrejas exibem muletas, cadeiras de roda, mas nenhuma perna mecânica. Também, muitos precursores da Doutrina Racionalista Cristã não teriam morrido de doenças. Não se deixe abater, a dor por mais intensa que seja passa e não fere tanto quando se lhe opõem a coragem e o valor. Tudo passa nesta vida.
7.29 A alma, por amor egoísta, deixa-se envolver por ilusões. Então é tomada pela paixão, pela materialidade, pela religião e pelos preconceitos de família, de classe ou raça. As ilusões, atuando como armaduras, impedem que a alma raciocine. Contudo, esses enganos dos sentidos, essas fantasias, mais cedo ou mais tarde, serão desmantelados pelos revezes da vida através da dor, dos desenganos, das desilusões. Isto sempre acontecerá para sacudir, para depurar, para libertar a alma desse estado fantasioso, ilusório. Então, quando a dor passar, a alma vislumbrará maior Verdade e mais Luz.

8. Como ser feliz?

8.1 Ser feliz é ser esclarecido. O Espírito esclarecido e, por isso mesmo, forte, não se deixa abater por desilusões ou desenganos. Compreende as causas das fraquezas e da maldade das criaturas, não confia em perfeições que sabe não existirem, e aceita os acontecimentos com racional entendimento.
8.2 Cumpre não esquecer que, para serem bem atingidos os objetivos da vida, é preciso, primeiramente, planejar, estabelecer normas de conduta, desenvolver a faculdade criativa e não se limitar a fazer o que os outros fazem. Há necessidade de aprimorar a personalidade, de formar uma consciência própria, única maneira de fortalecer o modo de raciocinar e chegar a conclusões seguras.
8.3 Verdadeiro, leal, honesto e equilibrado, o ser esclarecido não se esquece, nos momentos de perigo, que a sua integridade moral deve pairar acima de todas as considerações e interesses, e não teme as conseqüências da sua posição inflexível contra a corrupção.
8.4 O Espírito é luz e, como tal, brilha com intensidade correspondente ao seu grau de progresso. Intensidade de luz quer dizer intensidade de vibração. Quanto maior for essa intensidade, mais acentuado é o conhecimento da vida, mais evidente a ação dinâmica espiritual, mais seguro o controle dos atos humanos e mais apurado o uso do livre arbítrio.
8.5 O livre-arbítrio é uma faculdade espiritual controlada pela vontade e, quando bem usada, orientada pelo raciocínio.
8.6 Quanto maior for o poder de raciocinar, tanto mais fácil se torna o governo do livre-arbírio. Livre-arbítrio quer dizer liberdade de plena ação, tanto para o bem, quanto para o mal.
8.7 A faculdade do livre-arbítrio começa a despertar quando a partícula inteligente ascende à fase evolutiva que lhe dá condições de encarnar em corpo humano. Nessa fase, como é compreensível, o desconhecimento da Verdade a respeito do processo de evolução é completo. A criatura, porém, já possui a consciência do bem e do mal.
8.8 O mau uso do livre-arbítrio resulta da curta capacidade de raciocinar, da aquisição de vícios e maus costumes e do cultivo de sentimentos inferiores, entre os quais tem papel de destacado relevo a perversidade.
8.9 Usar o livre-arbítrio como arma contra o semelhante, utilizar-se dele para injuriar, intrigar, escarnecer, caluniar e desmoralizar o próximo, constitui crime da mais alta condenação.
8.10 Praticam o bem os que trabalham para o aperfeiçoamento de hábitos e costumes, promovendo a sua evolução. Os que, por ações ou pensamentos, fazem retardar essa evolução, incidem no mal que acabará, cedo ou tarde, por atingi-los, com maior ou menor dureza.
8.11 Sob a influência dos vícios e dos maus costumes, aquisições inimigas da saúde e da evolução espiritual, a pessoa fica saturada de vibrações animalizadas que a fazem perder o respeito por sim mesma, levando-a a cometer desatinos reprováveis. Todo mal cresce de vulto quando praticado conscientemente, e os que assim procedem terão, sem nenhuma dúvida, um triste despertar.
8.12 O Espírito vem encarnar, consciente de que travará lutas morais e materiais na Terra, mas não suponha que ele traga um destino traçado e que tudo que acontece é porque tinha que acontecer. Não acontece isso. O Espírito, pelo livre-arbítrio que possui, não tem destino traçado e, sim, ações boas ou más a praticar.
8.13 Contribui para nossa felicidade relativa a seguinte recomendação de Luiz de Mattos: Saber esperar é ter certeza absoluta do triunfo em todas as naturais campanhas da vida; e triunfa sempre quem sabe esperar, porque é certa a sua ligação com as Forças Superiores, as quais constituem a Corrente Branca, fortificadora de corpos e almas e desmanteladora da Magia Negra, constituída por pensamentos perversos que irradiam as criaturas de má índole e todos os praticantes dessa magia malfeitora.
8.14 Nós trazemos conosco um Tribunal julgador das nossas ações, que nos acompanha por toda a existência, pois todos os nossos atos ficam registrados na memória do Corpo Astral.
8.15 Uma das piores sentenças que esse Tribunal às vezes nos impõe é o remorso. O remorso é uma inquietação da consciência, uma dor moral, gerada por culpa ou por crime cometido, isto porque tomamos uma decisão errada, por não sabermos muitas vezes renunciar.
8.16 O poder do Raciocínio constitui valioso atributo de que dispõe o espírito para analisar os fatos da vida e tirar dos acontecimentos as lições que lhe puderem ser úteis.
8.17 O raciocínio é como uma luz projetada sobre os problemas difíceis da existência para torná-los claros e compreensíveis.
8.18 O homem é, por excelência, um espírito criador. Quando influenciado pela falsa idéia do milagre e da ajuda divina, à espera dos quais se detém, inerte, em lugar de esforçar-se para ajudar-se a si mesmo, chega, muitas vezes, ao fracasso, por não saber utilizar-se de duas forças poderosas que possui e que, devidamente exercitadas, o teriam conduzido ao triunfo. Essas duas forças, que na maioria dos seres jazem ignoradas e adormecidas, se chamam Vontade e Pensamento.
8.19 Quem desconhece os Princípios do Racionalismo Cristão recebe rajadas fluídicas do astral inferior. Este suga-nos a vida anímica e deixa-nos como que esgotados, sente-se o corpo fraco e vêm-nos à mente os sintomas das doenças dos outros.
8.20 Precisam os seres, por isso mesmo, conhecer a ação do Pensamento, o Poder da Vontade, a Força Psíquica da Atração, as quais poderão ser tanto exercitadas para o bem como para o mal, conforme a natureza dos pensamentos que as dinamizaram e, conseqüentemente, os recursos, os meios, os elementos que todos indistintamente possuem para atrair o bem e repelir o mal.
8.21 Cumpre acentuar — e este detalhe é da maior importância — que nem todos os males de que é vítima a humanidade são produzidos pela ação dos espíritos do astral inferior. Cada indivíduo possui tendências, temperamento, modo particular de sentir e ver as coisas, livre-arbítrio para tomar as decisões e individualidade própria. A ele cabe, por conseguinte, a responsabilidade direta pelos sucessos ou fracassos que tiver na vida.
8.22 Se é verdade que as foças do astral inferior são atraídas por pensamentos afins e intervêm na vida dos seres humanos causando diversos males ou agravando os já existentes, não é menos verdade que eles se podem defender dessas forças inferiores, com as poderosas armas do Pensamento e da Vontade.
8.23 Os pensamentos, formando correntes que se cruzam em todas as direções, têm como fonte alimentadora os próprios seres encarnados e desencarnados que os emitem.
8.24 Muitas dessas correntes são, além de doentias, terrivelmente avassaladoras. Elas chegam mesmo a exercer acentuada predominância sobre as benéficas, pela grande inferioridade espiritual de que está saturada a atmosfera deste planeta.
8.25 A educação e o fortalecimento da vontade têm importância fundamental na ação de governar os pensamentos. Aprendendo a fortalecer-se com sentimentos repletos de valor, o ser humano criará em torno de si uma barreira fluídica de tamanha rigidez que os pensamentos maléficos dos espíritos obsessores não terão força para quebrar.
8.26 A calma, a serenidade, a moderação, as atitudes ponderadas, a reflexão, o critério e o bom senso são qualidades reveladoras de equilíbrio mental, por meio do qual o espírito, no torvelinho da existência terrena, procede com mais segurança e se abstém da prática de erros comuns.
8.27 A compreensão clara e verdadeira da vida habilita o ser a acelerar o desenvolvimento, e a apuração de suas qualidades espirituais para diminuir o número de encarnações, neste mundo-escola de ambiência sofredora, onde a ignorância gerou o materialismo em que a humanidade se afunda e, com ele, a degradação moral infiltrada em todas as camadas sociais.
8.28 Essa compreensão dá ao indivíduo um sentimento prático de renúncia às coisas terrenas, pela certeza da transitoriedade da sua permanência neste planeta e de que são de uso provisório as riquezas materiais, com as quais somente poderá conseguir objetivos de limitado alcance.
8.29 O espírito de renúncia, de desprendimento, de abnegação, de sacrifício e de solidariedade humana é, pois, o resultado da superior compreensão da vida que aproxima fraternalmente os seres uns dos outros, como partículas irmãs de um único Todo.
8.30 Não se pode dissociar a espiritualidade da Disciplina da Ordem. A Disciplina é indispensável para usufruirmos uma felicidade relativa, dominando as emoções e os ímpetos, tanto no trabalho como no lazer. A criatura, disciplinando todos os atos e vivendo ordenadamente, terá tempo para trabalhar, descansar e instruir-se. Tudo no Universo obedece à Disciplina imposta pelas Leis Naturais. Podemos constatar esse fato na mecânica celeste dos astros no espaço sideral.
8.31 Ninguém se pode eximir do dever de trabalhar e de procurar no trabalho a satisfação da vida. O universo inteiro é uma oficina de trabalho permanente, na qual todos precisam ser operários ativos e diligentes. Os que assim não compreendem, ficam à margem da vida, tornando-se indivíduos marginais, como marginais são os espíritos do astral inferior, com os quais se associam pela lei da atração. Logo, a ociosidade é mal que deve ser combatido, energicamente, por meio da educação da vontade.
8.32 Do bom aproveitamento da existência neste mundo, ninguém deve se afastar, nem mesmo por um instante. É possível descobrir algo útil para fazer em todo lugar e em qualquer tempo. A consciência, para isso, precisa estar alerta, e a boa disposição bem cultivada. As oportunidades vão e vêm, a cada passo, embora muitas vezes passem despercebidas, por falta de educação espiritual.
8.33 Sabemos que a união faz a força, já comprovado tanto no sentido material como no espiritual. A influência do meio é muito importante para o bem-estar do espírito. Vários indivíduos de má índole, ligados uns aos outros e a terceiros por pensamentos afins, produzem vibrações muito mais perniciosas do que as emitidas apenas por um deles.
8.34 Por este exemplo se vê que todo indivíduo deve saber preparar-se mentalmente sempre que tiver de penetrar em qualquer mau ambiente. Esse preparo consiste no pensamento vibrado com sabedoria, elevação, consciência e confiança em si mesmo.
8.35 Num mundo tão tormentoso como este, em que os seres se movimentam num oceano de angústias e incertezas, incorrendo, a cada passo, em falhas de maior ou menor gravidade, nada mais acertado do que procurarem firmar-se em conhecimentos espirituais verdadeiros e práticas que os livrem de andar às escuras nos caminhos da vida.
8.36 Para sermos relativamente felizes, precisamos possuir equilíbrio mental, o qual provém da apuração dos sentidos, do temperamento bem ajustado às realidades da vida, da serenidade, da compreensão exata das possibilidades e da justa apreciação dos fatos.
8.37 Também seremos relativamente felizes se formos honrados. O que se pode chamar de honrado reduz-se a quatro princípios que devemos obedecer no dia-a-dia da existência:
1.     PONDERAÇÃO: É a perspicácia do espírito, que nos obriga a buscar a verdade.
2.     JUSTIÇA: Virtude moral pela qual se atribui a cada indivíduo o que lhe compete.
3.     VALOR: É a grandeza de ânimo que não nos abate, faz-nos capazes das maiores empresas e nos assegura firmeza contra os mais terríveis infortúnios.
4.     MODERAÇÃO: São a ordem e medidas justas e exatas que devemos guardar em todas as nossas ações e palavras.
8.38 A luta é a vida destinada a todos os Espíritos, quer estejam encarnados neste planeta de torturas e provações, quer tenham de chegar à atmosfera da Terra para nela trabalharem em corpo astral. Por esse motivo, afirmamos que viver é lutar, com mais ou menos intensidade, com mais ou menos valor, mas lutar sempre para a alma se libertar, o mais rapidamente possível, das manchas resultantes de suas faltas, filhas dos seus descuidos e desvarios, que se acham aderidas a ela, como a ferrugem ao ferro. Só se vence quando se luta com Valor, com Ponderação, com Moderação, com Justiça e com Paciência, que nasce do conhecimento e da prática desses quatro princípios que constituem o homem verdadeiramente honrado. Lutar, pois, com Valor e Paciência é vencer, é ter certeza do êxito e caminhar para a perfeição suprema. Quer isso dizer que o ser humano que não tiver Predomínio Sobre Si Mesmo, que não tiver Paciência e Tato, não poderá dominar a si próprio, nem governar os outros.

9. O que é a mediunidade?

9.1 A mediunidade é uma faculdade do espírito humano, que possibilita a intermediação entre os vivos (encarnados) e a alma dos mortos (desencarnados). Ela manifesta-se de múltiplas maneiras.
9.2 A mediunidade intuitiva é inata no espírito de todos os seres encarnados. A potência dessa mediunidade varia de indivíduo para indivíduo, em conformidade com o desenvolvimento que o ser vai obtendo de encarnação em encarnação.
9.3 O médium é um elemento de ligação dos dois planos — o físico e o psíquico — sendo essa a razão de quase sempre se revelarem por seu intermédio os fenômenos psíquicos.
9.4 Ao serviço do Racionalismo Cristão, médiuns e esteios nada devem temer; em primeiro lugar, porque estão seguros dos seus conhecimentos e sabem como agir em defesa própria; em segundo lugar, porque contam com a assistência dos espíritos do Astral Superior, aos quais se ligam por pensamentos elevados e pela disciplina por eles intuída.
9.5 Quanto mais sensível o indivíduo, maiores possibilidades tem de captar vibrações. Dessas vibrações, que são diferentes umas das outras, o espaço está repleto, podendo cada vibração captada produzir uma revelação ou fenômeno correspondente.
9.6 As retinas dos olhos humanos podem captar vibrações da luz solar, mas não as da luz astral, a não ser quando intervém o médium com a sua sensibilidade, através do fenômeno muito conhecido da clarividência.
9.7 O médium de incorporação pode, em determinadas condições psíquicas, desdobrar-se, e esse fenômeno, desde que praticado disciplinadamente, é de grande utilidade.
9.8 Entende-se por desdobramento o afastamento do espírito e do seu corpo astral, do corpo físico do médium, por alguns momentos, ficando a ele ligado por cordões fluídicos.
9.9 O que se dá com todos durante o sono ocorre com o médium de incorporação acordado, em trabalhos de desdobramento.
9.10 Dentre os fenômenos espiríticos, produzidos pelos médiuns de efeitos físicos, são as materializações, as levitações e os transportes de objetos sem contato que mais impressionam a massa humana, alheia aos poderes espirituais.
9.11 Alguns desses fenômenos são produzidos por espíritos galhofeiros do astral inferior que, agindo invisivelmente, arremessam objetos e produzem ruídos, ou por indivíduos a eles aliados que fazem mau uso da faculdade mediúnica, para obter vantagens, geralmente pecuniárias.
9.12 Como os espíritos do astral inferior não ignoram que todos os seres possuem mediunidade intuitiva, dela se aproveitam para incutir no mental dos mesmos idéias absurdas e disparatadas.
9.13 Daí a razão de andarem certos indivíduos com a mania de perseguição, de verem as coisas sempre pelo lado negro e de muitos se suporem vítimas de doenças diversas.
9.14 A mediunidade intuitiva está intimamente ligada à estrutura do embrionário órgão telepático, que é um reflexo da sensibilidade psíquica, cujo desenvolvimento se irá, a seu tempo, denunciando.
9.15 Conseqüentemente, a mediunidade intuitiva, a de incorporação e as funções rudimentares do incipiente órgão telepático, perfazem, em ações coordenadas e complementares, uma soma de três predicados espirituais, cujo desenvolvimento, quando sob rigoroso controle, oferece os mais perfeitos resultados na captação de pensamentos de espíritos desencarnados ou não.
9.16 Nas correntes do Astral Superior, os médiuns transmitem voluntariamente, de um modo geral, o que os espíritos lhes intuem; como, porém, não perdem o controle de si mesmos, deixam de proferir as inconveniências acaso intuídas, quando atuados por obsessores.
9.17 Em todas as camadas sociais há indivíduos que possuem, sem o saberem, além da mediunidade intuitiva, da qual todos os seres humanos são portadores, também a mediunidade de incorporação. Por se conservarem nessa ignorância, uns acabam praticando o suicídio, outros desaparecem em desastres, muitos superlotam os hospitais, as cadeias e as penitenciárias, e grande parte desses indivíduos, com a faculdade menos desenvolvida, vive a provocar desordens, a perder-se no jogo, a deprimir-se no álcool e a arruinar-se na sensualidade desenfreada.
9.18 Os espíritos desencarnados que perambulam no astral inferior rapidamente identificam os encarnados que possuem a mediunidade de incorporação, ao notarem a facilidade com que eles recebem as suas intuições, o que não se dá com as demais pessoas.
9.19 Com isso, a criatura dotada dessa faculdade será fatalmente vítima de tais espíritos, se não estiver esclarecida e preparada para repelir o seu contato maléfico.
9.20 Contam-se aos milhões, no astral inferior, os espíritos alcoviteiros, intrigantes, desleais, facciosos e amantes de discussão que encontram, na mediunidade de incorporação dos encarnados, campo aberto para satisfazerem os desejos malignos que alimentam e saciarem as suas más paixões nos lares onde a disciplina preconizada pelo Racionalismo Cristão não é praticada.
9.21 É bom não se perder de vista que os afins se atraem e cada um se revela de acordo com o seu modo de pensar. Quem gosta da maledicência, da intrujice, do mexerico, produz pensamentos correspondentes e atrai, para junto de si, obsessores de igual gosto.
9.22 Quando, porém, o autor de tais pensamentos é um médium de incorporação, a situação se torna muito mais grave, por ficar ele sujeito a receber constantes cargas dos afins encarnados que o incitam contra os seus desafetos e os inimigos dos próprios obsessores.
9.23 A mediunidade, como todas as faculdades espirituais, desenvolve-se, progressivamente, de encarnação em encarnação. Desde o primeiro grau de evolução nas camadas humanas mais atrasadas, nos ritos selvagens, na prática da magia, começam certos indivíduos a desenvolvê-la sem preparo psíquico, sem conhecimento dos riscos a que se expõem pela inobservância da disciplina que deveria acompanhar tal desenvolvimento.
9.24 Isso explica o fato de encontrar-se o mundo repleto de criaturas perturbadas e anormais, de paranóicos e desequilibrados, de obsedados e dementes.
9.25 Quem desenvolve a mediunidade fora da disciplina aconselhada pelo Racionalismo Cristão — é bom repetir — corre todos os riscos, inclusive o da loucura. (Ver o Capítulo 3: “Mediunidade e Médiuns”, do livro Prática do Racionalismo Cristão.)
9.26 A faculdade mediúnica é das mais importantes, pela influência que exerce na existência de cada um. Procurar, pois, estudá-la para conhecê-la, através de sua complexidade e múltiplas manifestações, é dever que se impõe a todos os seres humanos que querem viver conscientemente e não vegetar.

10. O que é a obsessão?

10.1 A obsessão é uma enfermidade psíquica resultante do mau uso do livre-arbítrio, da vontade mal educada, das inclinações sensualistas, do descontrole nos atos cotidianos, do nervosismo desenfreado, dos desejos insuperáveis, da ambição desmedida, do temperamento voluntarioso e, conseqüentemente, do desconhecimento ou da inobservância dos ensinos racionalistas cristãos.
10.2 A obsessão é também um estado da alma devido à ação mais ou menos direta de espíritos desencarnados ou mesmo de encarnados, influindo sobre criaturas de diversos modos: desde a simples sugestão insistente, perene, tenaz, à ação direta, enérgica, violenta, provocando os chamados ataques.
10.3 O espírito obsessor age movido pelo amor ou pelo ódio, e sob o influxo de um desses sentimentos. Dominando sua paixão, ele procura captar a confiança da sua vítima: sua ação é intencionalmente demorada, branda, incessante, delicada; se, porém, a paixão o domina, a agressão é violenta e brutal.
10.4 No espiritismo bíblico-religioso, o que buscam quase todos os seus praticantes é o proveito material. Fazem-se ali especulações, “serviços”, “trabalhos”, à custa de espíritos obsessores do astral inferior. Em tal ambiente, as mistificações têm grande predomínio. Os riscos da obsessão são tremendos. Nesses centros não há disciplina protetora contra os maus espíritos, por ser esta ministrada tão-somente pelos espíritos do Astral Superior, que não se imiscuem nessas práticas.
10.5 A obsessão religiosa tem sua fonte, sua origem, na infância dos seres, quando eles começam a sentir-se deslumbrados diante dos quadros que lhes pintam do céu, do inferno, do pai celestial, da corte dos anjos, arcanjos, querubins, e demais fantasias.
10.6 Todos os seres humanos são dotados, dentre outras, da faculdade da intuição. Por meio dela, espíritos desencarnados que perambulam na atmosfera da Terra, em estado de perturbação, interferem na vida e nos pensamentos dos seres encarnados, levando-os a cometer as piores ações, fazendo-os chegar freqüentemente à obsessão.
10.7 Contra essa influência são inúteis os apelos a hipotéticos deuses e santos, geralmente formulados pelos que desconhecem estes princípios básicos e fundamentais da Vida Universal: atração e repulsão, ação e reação, causa e efeito.
10.8 O perigo do contato com os espíritos do astral inferior está em o ser humano sujeitar-se às más influências intuitivas, as quais resultam em desatinos, em obsessões, em conflitos domésticos, em ressentimentos infundados, em desentendimentos com a família, em prevaricações e infidelidades. Há também o risco de acidentes e desastres motivados pelo estado de perturbação a que eles podem fazer chegar os seres humanos. A esses males, acrescentam-se as moléstias infecciosas que os espíritos do astral inferior geralmente ocasionam ou agravam, levando a criatura à desencarnação.
10.9 Como os espíritos do astral inferior não ignoram que todos os seres possuem mediunidade intuitiva, dela se aproveitam para incutir, no mental dos mesmos, idéias absurdas e disparatadas. Há ambientes avassaladores como necrotérios, igrejas, hospícios, enterros e cemitérios, onde o Astral Superior não pode irradiar. Pensar em tais lugares é entrar na corrente obsessora.
10.10 Os que, grandes ou pequenos, ricos ou pobres, humildes ou poderosos, vivem à margem dos bons preceitos morais; os que praticam, oculta ou ostensivamente, ações indignas; os que trazem afivelada ao rosto a máscara da bondade e escondem na alma as mais feias vilanias; os assassinos, os ladrões, os vigaristas, os salafrários, os traidores, os desordeiros, os pusilânimes, os vadios e, em geral, todos os patifes, não passam, sem o saber, de seres escravizados a falanges obsessoras que os tornam instrumentos dóceis da sua vontade e os levam a praticar as mais abomináveis ações.
10.11 Essas falanges encontram todas as facilidades no ambiente da vida física, em virtude da mediunidade dos seres e da corrente de apoio que os maus pensamentos humanos dão aos obsessores.
10.12 Quando nós nos sentimos enfraquecer, devemos recapitular o livro Racionalismo Cristão ou outra obra do Centro Redentor, e devemos esquecer o que nos haja feito sofrer, e dentro de alguns minutos estaremos circundados de Luz, emanada dos Mundos Evoluídos, visto religarmo-nos ao Astral Superior, pela atenção presa ao que as obras encerram. Ler, pensar, concentrar e irradiar é atrair.
10.13 A obsessão pode apresentar-se de forma sutil, amena, periódica, permanente, branda ou violenta.
10.14 Nas formas sutis e amenas, manifesta-se por manias, pavores, esquisitices, fobias, cacoetes, excentricidades, exotismos, extravagâncias, paixões, fanatismo, covardia, indolência e por todos os excessos, como os sexuais, os de comer, os de rir ou chorar e muitos outros.
10.15 Apesar de toda a ação deletéria, que as forças do astral inferior exercem sobre a humanidade, forçoso é reconhecer que a culpa da obsessão cabe, em grande parte, às próprias vítimas, por haverem, quando sãs, alimentado os pensamentos com que formam as correntes de atração em que se apóiam os obsessores.
10.16 Os pensamentos de perversidade, de vingança, de ódio e outros semelhantes, vibram em todas as direções do espaço inferior, estabelecendo imediato contato entre quem os emite e os espíritos obsessores.
10.17 Nem sempre o espírito obsessor tem consciência do mal que produz. Ele é também vítima dos erros que praticou, quando encarnado, pelo desconhecimento que tinha da vida fora da matéria.
10.18 Essa lamentável ignorância fê-lo prisioneiro do ambiente atmosférico da Terra, levado pela cegueira de falsas crenças e persuadido de que nada mais existe para os que desencarnam, além do ilusório meio em que passam a viver.
10.19 Procura, então, desenvolver qualquer atividade nesse ambiente, passando a intuir os seus ex-parentes, amigos e conhecidos, na suposição de que pratica uma boa ação ou por sentir prazer nessa atividade.
10.20 Essas intuições, se bem aceitas, fornecem estímulos para outras, estabelecendo intensa co-participação dos espíritos do astral inferior com os seres encarnados. Quando isso acontece, o caminho da obsessão está aberto.
10.21 Os obsessores, sempre que a afinidade for intensa, não se apartam da vítima, pelo prazer que têm de permanecer onde se sentem bem. Quando a obsessão é provocada por espíritos que foram inimigos do obsedado na Terra, a ação perturbadora é exercida com maior violência contra ele, tornando-se mesmo comum as crises furiosas.
10.22 Os espíritos que levaram, quando encarnados, uma vida irregular, materializada e abundante de falhas, permanecem no astral inferior, não raro por decênios, agindo perversamente contra os encarnados.
10.23 Sua preocupação é a intuição para o mal. Servem-se, para isso, de criaturas de vontade fraca que usam como instrumentos passivos para a consumação dos seus crimes. Daí os homicídios, os suicídios e tantas outras calamidades sociais. Esses espíritos atuam isoladamente ou em falanges obsessoras bem adestradas, para melhor alcançar os seus objetivos. Suas organizações possuem vigias atentos, escalados em vários pontos, prontos para dar o sinal no instante preciso e promoverem a convocação de outros obsessores para a ação em conjunto.
10.24 Como a união faz a força, obtêm, geralmente, resultados satisfatórios sobre os encarnados desprevenidos e alheios às suas tramas, ora obsedando-os, ora levando-os a cometer tresloucadas ações, com os sentimentos inteiramente perturbados.
10.25 Sem este esclarecimento não há quem possa fugir à influência obsessora, nem impedir que forças externas interfiram nos seus atos e em seu eu espiritual.
10.26 Somente os esclarecidos que têm consciência do valor dessas poderosas forças — que se chamam vontade e pensamento — são capazes de manter à distância os obsessores.
10.27 Os indivíduos voluntariosos estão freqüentemente em choque com os demais, mesmo que tais choques não sejam exteriorizados, e nada é mais divertido para os espíritos do astral inferior do que assistirem aos choques humanos. Isso assanha os obsessores. Como andam sempre à espera do momento propício que lhes permita a atuação, o indivíduo voluntarioso vive marcado por eles. A cada passo lobrigam o ensejo de armar um atrito. Na falta de outra ocupação, esta, para eles, é absorvente.
10.28 Não é preciso salientar o que essa forma de obsessão — aliás comuníssima — representa para os seres humanos. Insidiosamente, vai ela penetrando, com lentidão, no subconsciente, até tomar conta da criatura. Esta, não se apercebendo do envolvimento de que está sendo vítima, não reage, não se opõe, não dá importância ao mal que, por força do hábito, acaba por tornar-se-lhe agradável, facilitando o domínio dos obsessores que passam a ser mais atuantes, mais violentos e difíceis de afastar.
10.29 Todo cuidado é pouco, e só o conhecimento de como se processa a evolução assegura ao indivíduo as condições, os recursos, os meios de defender-se da obsessão.
10.30 As atrações apaixonantes pelo prazer e o impulso convidativo com que impelem as vítimas para as suas cariciosas redes são as mais perigosas. Até os esclarecidos primários rolam, às vezes, por esse despenhadeiro.
10.31 Por higiene mental, não se deve pensar em intrigantes, caluniadores, desafetos e, em geral, nas pessoas de maus sentimentos. Pensar em tais seres é ligar-se à sua má assistência espiritual, receber influências malignas e correr o risco de avassalamento.
10.32 Os milhões de obsessores que povoam o astral inferior têm, cada qual, as suas preferências e escolhem as vítimas encarnadas de acordo com a afinidade que por elas sentem ou os sentimentos que os animam com relação a essas mesmas vítimas. Os pensamentos afins são sempre o ímã atração.
10.33 Há os que gostam de bebidas alcoólicas, os que foram gastrônomos e continuam com o mesmo vício, e os fumantes e escravos de outros hábitos viciosos, todos empenhados em satisfazer os seus intemperados desejos. As vibrações harmônicas do obsessor e do obsedado conjugam-se, fundem-se, ajustam-se e se encaixam de tal maneira uma na outra que se torna difícil a separação.
10.34 A desobsessão de um ser rancoroso e vingativo é sempre problemática porque, alimentando ódio e malquerença, revela grande inferioridade espiritual. Com este sentimento se tornam um associado permanente dos espíritos inferiores. Em tais casos a enfermidade passa a ser incurável, desde que o livre-arbítrio da criatura continue a ser empregado para o mal.
10.35 Depois de desobsedado, limpo psiquicamente, é preciso fortificar não só o seu espírito, mas também o corpo, danificados ambos pelos maus fluidos e grande perda de energia anímica, o que se consegue pela reeducação da vontade e disciplina do pensamento.
10.36 O bom êxito desse segundo período de desobsessão é mais difícil de ser alcançado, por depender da reeducação da vontade do normalizando e da reação contra novas obsessões. Os vícios provocados pelos obsessores ficam tão arraigados em seu espírito que só os deixa a muito custo. Sob a influência desta disciplina, começa o normalizando a raciocinar e a dominar os vícios próprios e aqueles que foram desenvolvidos pelos obsessores e, quando se lhe torna fácil esse domínio, não mais se deixará obsedar.
10.37 A normalização das crianças se fará desobsedando e esclarecendo os pais e as demais pessoas com quem convivem, levando-as, assiduamente, às correntes fluídicas das Casas Racionalistas.
10.38 As crianças também se normalizam com a mudança de ambiente, quando retiradas do meio onde agem os espíritos do astral inferior (atraídos pelos vícios e maus pensamentos dos adultos), para outro em que o viver ameno seja pautado pelos Princípios do Racionalismo Cristão.

11. O que é a limpeza psíquica?

11.1 A limpeza psíquica é um trabalho realizado pelas Forças Superiores e constitui uma das mais notáveis realizações, no campo do espiritismo, pelos seus resultados benéficos em favor da humanidade.
11.2 Os espíritos componentes do astral inferior dividem-se em muitas classes, sendo a mais baixa constituída de elementos de ínfima condição moral. Em conseqüência desse estado, estão muitos deles envolvidos em matéria fluídica densa, impregnada de miasmas, de moléstias e de substâncias putrefatas, próprias do  meio em que permanecem, em obediência à lei de atração. As vibrações dos pensamentos da maioria de tais espíritos são de ordem sensualista, animalizada, predominando o sentimento de malquerença, de ódio, de inveja, de vingança e outros do mesmo gênero.
11.3 Quando o ser encarnado se descuida e emite pensamentos que se identifiquem com os baixos sentimentos dessa classe de obsessores, atrai um ou mais de tais elementos para a sua companhia e absorve parte dos seus fluidos inferiores, juntamente com a correspondente carga pestífera que conduzem.
11.4 É essa a razão de ser adotada a prática da Limpeza Psíquica no Racionalismo Cristão, como uma das medidas de mais alto valor, e esta precisa ser feita, diariamente, duas ou mais vezes, ou em todas as ocasiões em que a pessoa perca o controle e se exalte, ou sinta o desejo de proferir expressões contundentes ou agressivas, o que deve sempre evitar.
11.5 Não tendo esse cuidado, seja por ignorância, negligência ou comodismo, está sujeita a enfermar, sofrer acidentes, desencarnar prematuramente ou a passar por alterações mórbidas no seu estado psíquico. A lei de Causa e Efeito impera inexoravelmente.
11.6 A Limpeza Psíquica é feita nas Casas Racionalistas Cristãs em Sessões Públicas, às segundas, quartas e sextas e, Particulares, às terças e quintas, às 20 horas. Além disso, os auxiliares e militantes convictos a praticam em seus lares, em horas previamente estabelecidas, para higienização do ambiente doméstico.
11.7 Essa prática de higiene mental consiste nas irradiações, que são vibrações do espírito, com as quais se opera o afastamento do astral inferior para fora da atmosfera da Terra. Esse afastamento é efetuado por espíritos do Astral Superior que, em entrosamento com os pensamentos disciplinados dos seres de boa vontade, em exercício mental nas Casas Racionalistas, ou em colaboração com estas, operam a Limpeza Psíquica.
11.8 Este indispensável preparo mental, esta Limpeza Psíquica, está para o espírito como a higiene física está para o corpo carnal. Por isso o Racionalismo Cristão aconselha a todas as pessoas, para que, por meio de um viver disciplinado, metódico e consciente, tenham equilíbrio espiritual e físico.
11.9 Os espíritos pertencentes aos Mundos Opacos são da 6ª a 11ª classes. Seus corpos astrais compõem-se de matéria fluídica mais ou menos densa, e com eles se podem locomover, facilmente, na superfície deste planeta. Rigorosamente disciplinados pelas Forças Superiores, suas atividades são valiosas, já que podem penetrar em quaisquer ambientes, por pior que sejam. Oferecem ainda, os espíritos dos Mundos Opacos, estrita colaboração aos médiuns encarnados, quando em desdobramento nas Sessões Particulares do Racionalismo Cristão, para que as Forças Superiores possam promover grandes Limpezas Psíquicas no astral inferior, dele arrebatando terríveis obsessores.
11.10 Com o auxílio das correntes fluídicas, os Espíritos do Astral Superior penetram na atmosfera da Terra arrebatando obsessores de toda espécie, dos mais pacatos aos mais agressivos. Entre os espíritos arrebatados pela corrente fluídica, organizada por essas Forças do Bem, encontramos inumeráveis perturbadores do equilíbrio da vida terrena, de intelectualidade incipiente, mas todos atolados no mais fundo materialismo: escamoteadores contumazes, magistrados venais, audazes mistificadores, impenitentes charlatães, ministros envaidecidos, presidentes impatriotas, reis megalomaníacos, papas adoradores e de mental obscurecido pelos dogmas, etc.
11.11 As pessoas que quiserem proceder à Limpeza Psíquica em seus lares, devem, durante cinco minutos, às 7 horas e às 20 horas, reunir-se diariamente, sentadas juntas de uma mesa.
11.12 Colocados os participantes da Limpeza Psíquica sentados o mais próximo possível uns dos outros, todos em absoluto silêncio, o Presidente fará, em voz alta, a irradiação “A” e a seguir, a irradiação “B”, repetindo esta última durante 5 minutos. (Ver mais instruções na obra Prática do Racionalismo Cristão, no Capítulo 4, “Práticas racionalistas cristãs realizadas no lar”, de onde foram retiradas as versões atualizadas das irradiações.) Exemplo:
Irradiação “A” (Fazer uma vez)
Ao Astral Superior
Grande Foco! Força Criadora!
Nós sabemos que as leis que regem o Universo são naturais e imutáveis, e a elas tudo está sujeito.
Sabemos também que é pelo estudo, raciocínio e crescimento, derivado da luta contra os maus hábitos e as imperfeições, que o espírito se esclarece e alcança maior evolução.
Certos do que nos cabe fazer, e pondo em ação o nosso livre-arbítrio para o bem, irradiamos pensamentos aos Espíritos Superiores para que eles nos envolvam na sua luz e fluidos, fortificando-nos para o cumprimento dos nossos deveres.
Irradiação B (Fazer durante cinco minutos)
Grande Foco! Vida do Universo!
Aqui estamos a irradiar pensamentos às Forças Superiores para que a luz se faça em nosso espírito, e tenhamos consciência de nossos erros, a fim de evitá-los e nos fortalecer para praticar o bem.
11.13 Se alguma pessoa, enquanto as irradiações estiverem sendo feitas, for acometida de ataque ou tentar transmitir comunicação de espíritos, é preciso sacudi-la fortemente, com muita calma, dar-lhe água fluídica e chamá-la pelo nome, até despertar. Isso deve ser feito por uma ou mais pessoas, enquanto as demais continuarão acompanhando mentalmente as irradiações, sem se levantarem do lugar em que estiverem, haja o que houver.
11.14 As pessoas são sacudidas nas Sessões, em fiel obediência à disciplina regulamentar. Toda criatura, na luta cotidiana, recebe bons e maus fluidos, convive com criaturas bem e mal assistidas, por isso necessitam de serem sacudidas, por ocasião das Irradiações. Pelo sacudimento opera-se mais facilmente a Limpeza Psíquica, sentindo-se a pessoa mais leve de corpo e espírito. Durante o sacudimento não se deve pensar mal e devemos ter o pensamento ligado ao Presidente Astral do Centro.

12. Qual é o principal problema da vida?

12.1 O principal problema da vida do ser humano é aprender a confiar em si mesmo, na ação da vontade e na força prodigiosa, imensurável do seu pensamento, deixando de ser adorador, rezador e mendigo da proteção de deus.
12.2 Poderá o leitor imaginar o que seria o mundo atual se os templos de todas as religiões, ao invés de ensinarem a pedir, rezar, louvar e adorar, ministrassem aos seres humanos os esclarecedores Princípios contidos na Doutrina Racionalista Cristã, para uma vida sã e eficiente?
12.3 A criatura será capaz de fazer idéia do que significaria para a humanidade a transformação desses templos em escolas de alto espiritualismo?
12.4 Tanto a malquerença como a adoração criam situações condenáveis: enquanto a malquerença desperta o sentimento de aversão, de ódio e vingança com os mais perniciosos efeitos para o agente, a adoração conduz ao temor, à humildade subserviente e subalterna, à subjugação das iniciativas, à alienação da vontade, à falta de confiança do indivíduo em si mesmo, sempre em desprestígio do espírito e em flagrante anulação do seu próprio valor.
12.5 No astral inferior os espíritos constatam que não há deus, nem demônio, nem santos, nem céu, nem inferno e riem-se dos adoradores que estão ainda entorpecidos pela influência das suas crenças.
12.6 No Mundo Terra, em que se confundem almas encarnadas de várias classes, e no qual a maioria ainda vive mais para a matéria do que para os valores espirituais, não foi difícil agrupar, sob a flâmula de cada religião, incontáveis legiões de adoradores.
12.7 No Brasil e em muitos outros países, adora-se Jesus; não há, entretanto, qualquer diferença entre tais adoradores e os outros que se voltam para
Buda, Confúcio e Maomé.
12.8 Por trás das aparências de todos eles, esconde-se a ação subserviente e bajulatória, com a qual esperam receber maiores recompensas, presentes ou futuras, ou o perdão para as suas faltas. Essas atitudes constituem uma prática destrutiva de enfraquecimento do próprio caráter.
12.9 Se aos seres encarnados, esclarecidos, repugnam as bajulações, os atos de subserviência e os incensos, não será difícil imaginar-se o que isso produziria em espíritos desencarnados altamente evoluídos, se tais sentimentos pudessem chegar a eles.
12.10 Os fiéis podem adorar um pedaço de pau talhado com feições humanas, porque o livre-arbítrio não lhes nega o direito de satisfazerem a sua irracional vontade adorativa.
12.11 Nenhum adorador é capaz de dissociar a idéia de adorar da de pedir. A razão é óbvia: adorar e pedir são duas muletas iguais para uma só invalidez mental.
12.12 Cada ser humano deverá ter sempre presente que a Força, a Inteligência Universal, que os diversos povos da Terra denominam Deus, e que o Racionalismo afirma ser o Grande Foco, não tem forma, é a Grande Luz Universal que compõe o Universo, a qual envolve as galáxias e respectivos planetas, regendo-os com as suas Leis naturais e imutáveis, não interferindo no livre-arbítrio das criaturas.
12.13 Onde encontramos essa grande Luz? Em tudo que tem vida. Nas montanhas mais inacessíveis, nos imensos espaços das florestas, na vastidão dos oceanos, dos rios, nos campos, nos pomares, nos jardins e em todas as formas de animais, dos mais rudimentares ao homem. Em toda a natureza, somente o homem é adorador. Inventou a adoração porque é imperfeito.
12.14 A verdade é que os adoradores pertencem todos a uma classe idêntica, embora de diferentes categorias. São candidatos a reencarnações sucessivas neste laboratório psíquico que é o Mundo Terra, até que o amadurecimento espiritual os faça compreender a realidade das coisas.
12.15 Ao observador atento não é difícil avaliar o grau de espiritualidade dos seres pela tendência que manifestam para a adoração, assim como a maior ou menor intensidade dessa tendência.
12.16 O modo de adorar e o objeto adorado variam na medida em que a consciência da vida vai despertando, até chegar ao ponto de poder a criatura repelir o sentimento de adoração.
12.17 Adora-se, de um modo geral, para mendigar favores e proteção. A adoração, pois, acusa uma condição de ignorância e inferioridade espiritual.
12.18 É no estado primitivo, na condição de selvagem, que o indivíduo sente o primeiro impulso, o primeiro gesto, o primeiro movimento adorativo.
12.19 De encarnação em encarnação ascende ele às classes ditas civilizadas conservando esse mesmo sentimento, porém, modificado na forma, já que mais polido, mais requintado para satisfazer as condições sociais do meio, mas mantendo, no fundo, o mesmo pensamento e a mesma idéia que o geraram no passado.
12.20 As religiões usam sempre aparatos para impressionar os seus adeptos. A maioria deles é destinada a incentivar a adoração.
12.21 No estado atual, a humanidade pode ser classificada em dois grandes grupos: o dos espíritos adoradores e o dos independentes, com divisões que correspondem à escala do progresso adquirido no curso das sucessivas encarnações.
12.22 O grau de espiritualidade média encontra-se na faixa de transição intermediária, que separa o campo dominado pela mentalidade adoratória daquele em  que a personalidade se destaca pela firmeza de caráter, independência de atitudes e insubordinação a tudo quanto a sua consciência esclarecida reprove.
12.23 Classificados na camada inferior, estão os silvícolas, uma das primeiras fases da evolução humana — seguindo-se-lhes os que se entregam a práticas esdrúxulas de adoração, dominados por cego fanatismo.
12.24 Na faixa de transição, confundem-se os espíritos encarnados ainda presos à idéia subalterna de um deus protetor e paternal, com os espíritos que, rejeitando as genuflexões contemplativas e as atitudes bajulatórias e subservientes, procuram conduzir-se com retidão e valor.

13. Por que Jesus, o Cristo, ensinava: Não as faças que as pagas?

13.1 Porque sabia que as Leis que regem o Universo são naturais e imutáveis. Assim como a conseqüência da paralização do coração é a desencarnação; assim como a conseqüência da explosão de uma bomba é a destruição; assim como a conseqüência da rotação da Terra em torno do seu próprio eixo é o dia e a noite; assim, também — irrevogavelmente — as boas ou más ações determinam para o seu agente, como conseqüência, um resultado que corresponde, invariavelmente, à natureza dos pensamentos que as geraram.
13.2 Enganam-se, portanto, aqueles que pensam poder escapar dos efeitos dos seus atos através do perdão ou de outros expedientes. Não existem perdões no plano espiritual nem deuses para perdoar.
13.3 Na Bíblia, todos sabem, foram alterados diversos textos originais, com o fim de favorecer a um vantajoso sistema capaz de proporcionar fundos suficientes para o sustento das religiões que o mantêm. Somente a palavra perdão, habilmente introduzida naquele livro, tem proporcionado imensa e incalculável renda.
13.4 Dentre os mais graves erros das religiões, ocupa lugar de destacado relevo o perdão para as faltas e, até mesmo, para os crimes cometidos por seus adeptos.
13.5 A mística do perdão para os crimes, falcatruas e prevaricações, não tem qualquer sentido na vida espiritual.
13.6 Podem os seres perdoar-se mutuamente ou, melhor dizendo, desculpar as ofensas recebidas, no sentido de não alimentarem ódio, malquerença ou sentimento de vingança contra quem lhes tenha sido ingrato ou maldoso, mas esse perdão, sinônimo de desculpa, nada tem a ver com o ato falso de dizer-se a alguém, mediante rezas e donativos, que Os seus pecados (erros) estão perdoados.
13.7 Quem acreditar nessa enganosa afirmação está sendo iludido, desviado do caminho da verdade e, mais dia menos dia, sofrerá as conseqüências, sempre desastrosas para sua existência espiritual. O delinqüente que com dinheiro ou rezas pensa haver liqüidado o seu débito para com o Poder-Justiça, fiado em vã promessa feita levianamente, compartilha com o seu perdoador na responsabilidade do erro em que ambos foram envolvidos.

14. O que é o pensamento?

14.1 O Pensamento é a vibração do espírito, manifestação da inteligência, poder espiritual.
14.2 Pensar é raciocinar, é criar imagens, conceber idéias, construir para o presente e o futuro. É pelo pensamento que a criatura resolve, soluciona, descobre e esclarece os problemas da vida.
14.3 O espírito imprime ao pensamento a própria força de que é dotado. Como o som e a luz, ele também faz todo o seu percurso em ondas vibratórias que ficam registradas no oceano infinito da matéria de que é provido o universo e, com facilidade, pode tornar-se  conhecido de todos os espíritos, desde o instante em que é emitido. Daí a impossibilidade de ser alterada a verdade na vida espiritual.
14.4 Os pensamentos ficam ligados à sua fonte de origem enquanto permanecer o sentimento que os gerou. Eles estabelecem verdadeiros climas ambientais proporcionadores de saúde ou de enfermidades, de alegria ou de tristeza, de triunfo ou de fracasso, de bem ou mal-estar.
14.5 As efluviações das Forças Superiores são sentidas quando se pensa ou se irradia. Produzem bem-estar, certo calor e, ocasionalmente, derramamento de lágrimas. Às vezes sente-se um frescor. São descargas fluídicas do Astral Superior. Não devemos desejar receber fluidos, porque essa preocupação pode ocasionar perturbação espiritual.
14.6 No Redentor não há preces, há irradiações, e não se fazem peditórios. Irradia-se ao Astral Superior e ao Grande Foco, para que dentro da Lei da Atração, com o nosso pensamento, se mereça as efluviações dos Espíritos de Luz.
14.7 Pensando mal, o ser humano não só transmite, mas também capta, na mesma intensidade, queira ou não, pensamentos afins e os efeitos desses pensamentos maléficos. Essas correntes produzem os mais sérios danos produzindo distúrbios físicos e psíquicos.
14.8 A Força de Vontade é a mais poderosa alavanca de que dispõe o Espírito para chegar ao triunfo. Para a Força de Vontade não existem dificuldades ou obstáculos que não possa superar. A Força de Vontade não conhece a timidez nem o desânimo. Tem o poder de subjugar todas as fraquezas, todas as paixões, todos os vícios, todos os desejos dissolutos. Não se deve confundir Vontade com Desejo, pois são completamente antagônicos. Quando o Espírito encarnado é assaltado por um desejo inferior, e possuindo este Espírito Vontade suficientemente forte, esta Vontade intervém vencendo o Desejo. A Força de Vontade é o resultado de uma série de sucessos, alcançados com o nosso esforço e decisão nas encarnações passadas.
14.9 Ânimo resoluto para pensar e deliberar é condição que se impõe. Temores e indecisões conduzem ao fracasso. O pensamento racionalmente otimista deve prevalecer, sempre e sempre, porque — quando aliado à ação — se constitui numa força capaz de demolir os mais sérios obstáculos.
14.10 Pensamentos de valor e coragem, de firmeza e decisão, atraem vibrações de outros pensamentos de formação idêntica, produzindo um ambiente de confiança capaz de conduzir ao sucesso.
14.11 Essa conduta reflete a ação soberana do pensamento que sobressai, por representar uma força motriz de prodigiosa capacidade para derrotar os obstáculos.
14.12 Essa força do pensamento varia com a educação da vontade. A vontade fraca anima o pensamento débil; a vontade forte, o pensamento vigoroso. Para ser construtivo, progressista, realizador e útil ao Todo, o pensamento precisa ser límpido, cristalino e escoimado das deformidades espirituais ocasionadas pelo viver desmetodizado, pela egolatria e pela pressuposta infalibilidade das opiniões que conduzem ao fanatismo das idéias fixas.
14.13. A concepção da morte resulta de um entendimento da vida completamente errado. Na verdade, a morte jamais existiu. O espírito é imperecível. Por isso, não morre nunca. Devem, portanto, as criaturas, através do Pensamento e da Força de Vontade, esforçar-se por refazer-se, o mais depressa possível, do choque causado pela desencarnação dos parentes e amigos, para não se enfraquecerem espiritualmente.
14.14 quando estivermos aborrecidos, angustiados, tristes, devemos elevar nossos pensamentos às alturas, isto é, devemos pensar, claramente, em cada um dos atributos do Espírito, a saber: Inteligência, Raciocínio, Consciência de si mesmo, Capacidade de Percepção, Concepção, Força de Vontade, Equilíbrio Mental, Lógica, Domínio de si mesmo, Disciplina, Sensibilidade, Firmeza de Caráter, Honradez, Trabalho e Renúncia.
14.15 O vigor do pensamento emitido por criatura mentalmente sã e esclarecida cresce na medida das necessidades do momento, amplia-se, expande-se e supera qualquer corrente de pensamentos inferiores, pela atração que exerce da Força afim universal, cujo poder é infinito.
14.16 A sublimação do pensamento, isto é, erguê-lo a maior altura ou a uma grande altura, traduz um estado de consciência sensível à evolução do espírito e propício à conquista da felicidade interior e do bem-estar proporcionado por essa felicidade.
14.17 O espírito cria a imagem pelo pensamento e só depois a materializa para determinado fim. Vejam-se as maravilhas da pintura universal. Observe-se a riqueza, a magnificência da obra que consagrou e imortalizou tantos e tantos artistas, através dos tempos. Pois nenhuma delas foi lançada na tela sem que o pintor a tivesse mentalmente concebido em todos os seus detalhes.
14.18 O mesmo acontece com o engenheiro. Antes de desenhar o edifício, a máquina, o aparelho, o instrumento, a peça, ele os estuda e examina nos seus mínimos pormenores.
14.19 Com o pensamento em ação, engendra primeiro o esboço, corrige depois as prováveis falhas, até que a imagem do que vai exteriorizar e materializar no papel esteja mais ou menos perfeita.
14.20 De toda a obra humana — toda, sem exceção — criou o espírito a imagem pela ação do pensamento, e só depois o materializou. E se assim ocorre na Terra, muito mais no Espaço onde o poder do pensamento criador é incomparavelmente maior.
14.21 Evolução significa, acima de tudo, poder criador. Quanto mais evoluído o espírito, mais poderoso se torna o seu pensamento e a sua capacidade de criar.
14.22 O pensamento vigoroso emana do espírito forte, adestrado, experiente. Em cada encarnação bem aproveitada, trabalha ele, conscientemente, para melhorar, ainda mais, a sua personalidade psíquica.
14.23 É na ordem deste progresso que crescem o poder do pensamento e a capacidade de conceber, de criar, de realizar obras, cada qual mais importante.
14.24 Das riquezas espirituais que a criatura tem forçosamente de conquistar neste planeta, assume papel de excepcional relevo a faculdade do pensamento, de cujo poder concentrado e abrangente depende a racional solução de todos os problemas da vida.
14.25 Pensamentos honestos e força de vontade em ação são armas poderosas que a criatura deve usar para proteger-se das investidas das forças inferiores que tentam envolvê-la nos fluidos perniciosos de suas correntes, tão logo percebam a afinidade de um sentimento inclinado à prevaricação.
14.26 Nos mundos que lhes são próprios, os espíritos se comunicam pelos pensamentos. Na Terra, por muito e muito tempo, ainda perdurará, como forma, como maneira de exteriorizá-los, a linguagem articulada.
14.27 De acordo com o seu desenvolvimento, conta o espírito com suficiente força para, pela ação do pensamento, modificar ou alterar determinadas condições físicas. Os fenômenos psíquicos — é bom que isso fique bem claro — realizam-se pela ação do pensamento de espíritos encarnados ou desencarnados, agindo isolada ou conjuntamente.
14.28 Nesse caso está a levitação, somente possível quando a força do pensamento for suficientemente intensificada para anular a força de gravidade que atua sobre os átomos de um corpo.
14.29 O espaço ocupado pela atmosfera terrestre está repleto não só de espíritos como também de pensamentos, daí resultando as vibrações de duas correntes distintas, classificadas como do bem e do mal.
14.30 Todo indivíduo de caráter bem formado que mantenha o pensamento voltado para as realizações úteis e alimente o desejo sincero de progredir espiritualmente, esforçando-se por alcançar esse alto objetivo, terá a envolvê-lo as correntes do bem, fortalecidas pela irradiação das Forças Superiores. Com essa benéfica assistência o êxito é mais fácil.
14.31 As más intenções, refletidas nos pensamentos, encontram, no espaço inferior situado na atmosfera que envolve o planeta, correntes organizadas que a tais intenções se justapõem pela identidade formada entre vibrações da mesma natureza.
14.32 As falanges obsessoras encontram todas as facilidades no ambiente da vida física, em virtude da mediunidade dos seres e da corrente de apoio que os maus pensamentos humanos dão aos obsessores.
14.33 Pensar — já se tem dito muitas vezes — é atrair. Todos os que se prendem pelo pensamento a seres desencarnados, estacionados no astral inferior, não só os estão atraindo e perturbando, mas também retardando a sua marcha para o mundo a que pertencem, estimulando-os a permanecer em contato com as coisas terrenas, inclusive com os problemas da vida familiar e concorrendo para torná-los obsessores.
14.34 a linguagem dos espíritos desencarnados é o pensamento. Pelo pensamento identificam eles os sentimentos das criaturas, as suas intenções e tendências, e disso se prevalecem os obsessores para estimular, pela intuição, os vícios e as fraquezas humanas.
14.35 Todo o Universo é regido por leis comuns e naturais. Tais leis — das quais deriva o conhecido axioma Conforme o ser pensar assim será — são imutáveis, e dentro delas faz-se especial menção à que regula a ação do pensamento.
14.36 Uma vez reconhecida essa verdade, isto é, a importância do pensamento como poderosa força de atração, tanto do bem quanto do mal, deve a criatura, em seu benefício e no daqueles com quem convive, nortear a sua vida de modo a pôr em prática os conhecimentos adquiridos na Doutrina Racionalista Cristã.
14.37 Não se deve pensar: Estou velho, acabado, no fim da vida. Esta postura mental é um erro, pois, quem pensa é o Espírito, que é eterno, portanto imortal e inascível. Por isso, deve-se sempre pensar: Estou na fase da Madureza Eterna, pois a fase da velhice, apesar de Lei Natural da Terra, não é condição permanente do Espírito e não sou influenciado por ela.

15. O que é o valor?

15.1 É um dos atributos marcantes da personalidade humana, que todos os espíritos possuem em maiores ou menores dimensões.
15.2 Quanto mais o caráter se consolida nas rudes asperezas do trabalho cotidiano e na luta pela conquista do bem, mais sente o espírito a necessidade de pôr à prova esse grande atributo (o Valor), a fim de que os resultados correspondam aos esforços empregados.
15.3 Sempre que o ser humano, ao definir-se por uma conduta, tiver de apelar para o próprio valor e dele se socorrer para traçar a diretriz a seguir, ganha o seu acervo espiritual mais um reforço, mais um estímulo, mais uma parcela de enriquecimento.
15.4 E não há quem não tenha a oportunidade de externar o valor, a cada passo, por algum feito, por repousar nele o verdadeiro bem-estar íntimo que satisfaz a consciência, alegra o semblante e, como recompensa maior, transmite à criatura o agradável sentimento do dever cumprido.
15.5 Todas as faculdades tendem a estiolar-se, quando não são regularmente exercitadas, O exercício fortalece e revigora. Ele é tão necessário à mente quanto ao corpo. O exercício da mente consiste na prática habitual de atos e pensamentos de valor, que precisam ser estimulados desde a infância.
15.6 Esses atos e esses pensamentos podem ser revelados no lar quando o adolescente assume a responsabilidade das suas faltas, quando se solidariza com as dificuldades e os sofrimentos dos seus pais e irmãos e quando for capaz de um gesto de desprendimento e renúncia em favor do próximo.
15.7 Revelam-se também na escola, quando o estudante sabe ganhar e perder nas pelejas esportivas, quando procede com dignidade no estudo e nos exames, quando reconhece os esforços dos pais e tudo faz para tornar-se merecedor do sacrifício destes.
15.8 Exercitados pelos adolescentes esses altos atributos espirituais, entrarão eles na segunda fase da juventude com um preparo moral em que se refletirão nitidamente os traços de valor de que serão dotados.
15.9 Isso habilitará a juventude a resistir às tentações mundanas próprias da idade, a viver com método e disciplina, a encarar o trabalho como um prêmio e a exigir para si o mesmo respeito que dispensa ao semelhante.
15.10 Atitudes de valor acima de tudo corajosas, quando preciso, arrojada, se o momento o exigir —  mas serenas e tranqüilas, ponderadas e justas, inflexíveis e retas — eis a característica principal desse notável atributo.
15.11 Todo indivíduo que vive sob os ditames da honra e do dever, que molda os seus hábitos e costumes com a argamassa dos princípios cristalinos da moral cristã e se mantém sob o dinâmico estímulo das vibrações do bem, está permanentemente envolto numa couraça impermeável às arremetidas do mal.
15.12 Essa couraça, ainda que invisível, conserva toda a sua rigidez enquanto o ser humano se mantiver vigilante. Um descuido pode pôr tudo a perder. Mas os fortes, apoiados no esclarecimento, fazem por não se descuidar, e a finalidade do Racionalismo Cristão é, precisamente, orientar e esclarecer os fortes para que não se descuidem, e os fracos para se tornarem fortes.
15.13 O valor do indivíduo principia onde começa o domínio de si mesmo. A qualidade essencial, necessária ao desenvolvimento do valor, consiste em saber controlar os nervos e os pensamentos, subjugando os ímpetos e as inclinações condenáveis para que o raciocínio possa apontar-lhe as melhores soluções.
15.14 A criatura que tiver de exercer cargo de direção precisa, antes, aprender a dirigir-se a si mesma e a dar exemplos de serenidade, de coragem, de honra e valor, contendo-se diante dos quadros emotivos que a vida lhe oferece, para não se descontrolar nem causar prejuízos aos seus subalternos.
15.15 Fortalecer os atributos de valor para resistir aos procedimentos indignos é uma necessidade imperiosa e inabalável.
15.16 Os gestos de grandeza espiritual, em que reluzem os índices testificadores do valor, são os que mais enobrecem as criaturas e lhes proporcionam a almejada felicidade. O valor está para a luz como a fraqueza para as trevas. Ambas mutuamente se repelem.
15.17 Nenhum ser consciente poderá preferir a ação negativa à positiva, o nada ao tudo, o atraso ao progresso, a dúvida à certeza, o fracasso ao êxito, o medo à coragem e a escuridão à luz.
15.18 Os que fazem troca do belo pelo horrendo, no simbolismo dessas comparações, são seres obliterados que puseram de lado o bom-senso e estão ao sabor de uma consciência apática, inteiramente deformada na apreciação dos valores autênticos.
15.19 Somente os atos de valor engrandecem a personalidade e enobrecem o caráter. Os que os praticam tornam-se colaboradores eficazes na obra de pacificação e espiritualização das massas humanas.
15.20 O Racionalismo Cristão sabe que SE O ESPÍRITO QUER, O CORPO CEDE, porque conhece o poder do pensamento e da vontade que, quando fortemente educada para o bem, é capaz de remover e de fato remove todas as montanhas de vícios, de misérias terrenas ou astrais que se lhe apresentem.

Conclusão - Racionalismo Cristão Responde

Prezado leitor
Espero que este livro lhe proporcione os conhecimentos mínimos necessários para que possa usufruir de uma felicidade relativa.
Confesso que, durante dezenas de anos, estudei e pratiquei várias escolas espiritualistas, com a finalidade de encontrar a Luz. Não a encontrei. Acumulei, sim, muito conhecimento inútil. Quanto tempo perdido! Quanta fantasia!
Encontrei a Luz na Doutrina Racionalista Cristã, após ter sido submetido a várias fluidificações intensas do Astral Superior, durante o processo denominado Limpeza Psíquica. Para que um Espírito progrida, precisa de Luz Astral e Fluidos Puros, irradiados constantemente sobre os seus corpos mental, astral e físico. Somente assim poderá ficar depurado, livrando-se dos miasmas deletérios que o envolvem, adquiridos na associação dos seus pensamentos com o astral inferior.
Limpo psiquicamente, pude então entender que uma conduta disciplinada proporcionará, a cada um, capacidade de atrair tudo que pensar, pois é no pensamento, a serviço da vontade, que está o segredo do êxito.
Também pude compreender Deus, explicado por Luiz de Mattos: Somos um pequeno facho de luz, ainda muito fraco, oriundo de um Imenso Clarão que impulsiona o Cosmo. Esse Imenso Clarão é a Vida Inteligente Universal, é a Força que interpenetra tudo.
Com essa explicação, compreendi que esse Imenso Clarão não interfere no livre-arbítrio do Mundo nem dos Homens. Simplesmente estabeleceu as leis que regem o Universo e as faz cumprir rigorosamente.

Portanto, o deus das religiões é uma fábula. No Universo somente existem Força e Matéria e a esse Imenso Clarão denominamos Grande Foco. Desta forma, o que pode nos acontecer, depende do nosso Livre-Arbítrio e da nossa Conduta.