8. Como
ser feliz?
8.2
Cumpre não esquecer que, para serem bem atingidos os objetivos da vida, é
preciso, primeiramente, planejar, estabelecer normas de conduta, desenvolver a
faculdade criativa e não se limitar a fazer o que os outros fazem. Há
necessidade de aprimorar a personalidade, de formar uma consciência própria,
única maneira de fortalecer o modo de raciocinar e chegar a conclusões seguras.
8.3
Verdadeiro, leal, honesto e equilibrado, o ser esclarecido não se esquece, nos
momentos de perigo, que a sua integridade moral deve pairar acima de todas as
considerações e interesses, e não teme as consequências da sua posição
inflexível contra a corrupção.
8.4 O
Espírito é luz e, como tal, brilha com intensidade correspondente ao seu grau
de progresso. Intensidade de luz quer dizer intensidade de vibração. Quanto
maior for essa intensidade, mais acentuado é o conhecimento da vida, mais
evidente a ação dinâmica espiritual, mais seguro o controle dos atos humanos e
mais apurado o uso do livre arbítrio.
8.5 O
livre-arbítrio é uma faculdade espiritual controlada pela vontade e, quando bem
usada, orientada pelo raciocínio.
8.6
Quanto maior for o poder de raciocinar, tanto mais fácil se torna o governo do
livre-arbírio. Livre-arbítrio quer dizer liberdade de plena ação, tanto para o
bem, quanto para o mal.
8.7 A
faculdade do livre-arbítrio começa a despertar quando a partícula inteligente
ascende à fase evolutiva que lhe dá condições de encarnar em corpo humano.
Nessa fase, como é compreensível, o desconhecimento da Verdade a respeito do
processo de evolução é completo. A criatura, porém, já possui a consciência do
bem e do mal.
8.8 O
mau uso do livre-arbítrio resulta da curta capacidade de raciocinar, da
aquisição de vícios e maus costumes e do cultivo de sentimentos inferiores,
entre os quais tem papel de destacado relevo a perversidade.
8.9
Usar o livre-arbítrio como arma contra o semelhante, utilizar-se dele para
injuriar, intrigar, escarnecer, caluniar e desmoralizar o próximo, constitui
crime da mais alta condenação.
8.10
Praticam o bem os que trabalham para o aperfeiçoamento de hábitos e costumes,
promovendo a sua evolução. Os que, por ações ou pensamentos, fazem retardar
essa evolução, incidem no mal que acabará, cedo ou tarde, por atingi-los, com
maior ou menor dureza.
8.11
Sob a influência dos vícios e dos maus costumes, aquisições inimigas da saúde e
da evolução espiritual, a pessoa fica saturada de vibrações animalizadas que a
fazem perder o respeito por sim mesma, levando-a a cometer desatinos
reprováveis. Todo mal cresce de vulto quando praticado conscientemente, e os
que assim procedem terão, sem nenhuma dúvida, um triste despertar.
8.13
Contribui para nossa felicidade relativa a seguinte recomendação de Luiz de
Mattos: Saber esperar é ter certeza absoluta do triunfo em todas as naturais
campanhas da vida; e triunfa sempre quem sabe esperar, porque é certa a sua
ligação com as Forças Superiores, as quais constituem a Corrente Branca,
fortificadora de corpos e almas e desmanteladora da Magia Negra, constituída
por pensamentos perversos que irradiam as criaturas de má índole e todos os
praticantes dessa magia malfeitora.
8.14
Nós trazemos conosco um Tribunal julgador das nossas ações, que nos acompanha
por toda a existência, pois todos os nossos atos ficam registrados na memória
do Corpo Astral.
8.15
Uma das piores sentenças que esse Tribunal às vezes nos impõe é o remorso. O
remorso é uma inquietação da consciência, uma dor moral, gerada por culpa ou
por crime cometido, isto porque tomamos uma decisão errada, por não sabermos
muitas vezes renunciar.
8.16 O
poder do Raciocínio constitui valioso atributo de que dispõe o espírito para
analisar os fatos da vida e tirar dos acontecimentos as lições que lhe puderem
ser úteis.
8.17 O
raciocínio é como uma luz projetada sobre os problemas difíceis da existência
para torná-los claros e compreensíveis.
8.19
Quem desconhece os Princípios do Racionalismo Cristão recebe rajadas fluídicas
do astral inferior. Este suga-nos a vida anímica e deixa-nos como que
esgotados, sente-se o corpo fraco e vêm-nos à mente os sintomas das doenças dos
outros.
8.20
Precisam os seres, por isso mesmo, conhecer a ação do Pensamento, o Poder da
Vontade, a Força Psíquica da Atração, as quais poderão ser tanto exercitadas
para o bem como para o mal, conforme a natureza dos pensamentos que as
dinamizaram e, consequentemente, os recursos, os meios, os elementos que todos
indistintamente possuem para atrair o bem e repelir o mal.
8.21
Cumpre acentuar — e este detalhe é da maior importância — que nem todos os
males de que é vítima a humanidade são produzidos pela ação dos espíritos do
astral inferior. Cada indivíduo possui tendências, temperamento, modo
particular de sentir e ver as coisas, livre-arbítrio para tomar as decisões e
individualidade própria. A ele cabe, por conseguinte, a responsabilidade direta
pelos sucessos ou fracassos que tiver na vida.
8.22 Se
é verdade que as foças do astral inferior são atraídas por pensamentos afins e
intervêm na vida dos seres humanos causando diversos males ou agravando os já
existentes, não é menos verdade que eles se podem defender dessas forças
inferiores, com as poderosas armas do Pensamento e da Vontade.
8.23 Os
pensamentos, formando correntes que se cruzam em todas as direções, têm como
fonte alimentadora os próprios seres encarnados e desencarnados que os emitem.
8.24
Muitas dessas correntes são, além de doentias, terrivelmente avassaladoras.
Elas chegam mesmo a exercer acentuada predominância sobre as benéficas, pela
grande inferioridade espiritual de que está saturada a atmosfera deste planeta.
8.25 A
educação e o fortalecimento da vontade têm importância fundamental na ação de
governar os pensamentos. Aprendendo a fortalecer-se com sentimentos repletos de
valor, o ser humano criará em torno de si uma barreira fluídica de tamanha
rigidez que os pensamentos maléficos dos espíritos obsessores não terão força
para quebrar.
8.26 A
calma, a serenidade, a moderação, as atitudes ponderadas, a reflexão, o
critério e o bom senso são qualidades reveladoras de equilíbrio mental, por
meio do qual o espírito, no torvelinho da existência terrena, procede com mais
segurança e se abstém da prática de erros comuns.
8.27 A
compreensão clara e verdadeira da vida habilita o ser a acelerar o
desenvolvimento, e a apuração de suas qualidades espirituais para diminuir o
número de encarnações, neste mundo-escola de ambiência sofredora, onde a
ignorância gerou o materialismo em que a humanidade se afunda e, com ele, a
degradação moral infiltrada em todas as camadas sociais.
8.28
Essa compreensão dá ao indivíduo um sentimento prático de renúncia às coisas
terrenas, pela certeza da transitoriedade da sua permanência neste planeta e de
que são de uso provisório as riquezas materiais, com as quais somente poderá
conseguir objetivos de limitado alcance.
8.29 O
espírito de renúncia, de desprendimento, de abnegação, de sacrifício e de
solidariedade humana é, pois, o resultado da superior compreensão da vida que
aproxima fraternalmente os seres uns dos outros, como partículas irmãs de um
único Todo.
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8.30
Não se pode dissociar a espiritualidade da Disciplina da Ordem. A Disciplina é
indispensável para usufruirmos uma felicidade relativa, dominando as emoções e
os ímpetos, tanto no trabalho como no lazer. A criatura, disciplinando todos os
atos e vivendo ordenadamente, terá tempo para trabalhar, descansar e
instruir-se. Tudo no Universo obedece à Disciplina imposta pelas Leis Naturais.
Podemos constatar esse fato na mecânica celeste dos astros no espaço sideral.
8.32 Do
bom aproveitamento da existência neste mundo, ninguém deve se afastar, nem
mesmo por um instante. É possível descobrir algo útil para fazer em todo lugar e
em qualquer tempo. A consciência, para isso, precisa estar alerta, e a boa
disposição bem cultivada. As oportunidades vão e vêm, a cada passo, embora
muitas vezes passem despercebidas, por falta de educação espiritual.
8.33
Sabemos que a união faz a força, já comprovado tanto no sentido material como
no espiritual. A influência do meio é muito importante para o bem-estar do
espírito. Vários indivíduos de má índole, ligados uns aos outros e a terceiros
por pensamentos afins, produzem vibrações muito mais perniciosas do que as
emitidas apenas por um deles.
8.34
Por este exemplo se vê que todo indivíduo deve saber preparar-se mentalmente
sempre que tiver de penetrar em qualquer mau ambiente. Esse preparo consiste no
pensamento vibrado com sabedoria, elevação, consciência e confiança em si
mesmo.
8.35
Num mundo tão tormentoso como este, em que os seres se movimentam num oceano de
angústias e incertezas, incorrendo, a cada passo, em falhas de maior ou menor
gravidade, nada mais acertado do que procurarem firmar-se em conhecimentos
espirituais verdadeiros e práticas que os livrem de andar às escuras nos
caminhos da vida.
8.36
Para sermos relativamente felizes, precisamos possuir equilíbrio mental, o qual
provém da apuração dos sentidos, do temperamento bem ajustado às realidades da
vida, da serenidade, da compreensão exata das possibilidades e da justa
apreciação dos fatos.
8.37
Também seremos relativamente felizes se formos honrados. O que se pode chamar
de honrado reduz-se a quatro princípios que devemos obedecer no dia-a-dia da
existência:
1. PONDERAÇÃO: É a perspicácia do espírito,
que nos obriga a buscar a verdade.
2. JUSTIÇA: Virtude moral pela qual se
atribui a cada indivíduo o que lhe compete.
3. VALOR: É a grandeza de ânimo que não nos
abate, faz-nos capazes das maiores empresas e nos assegura firmeza contra os
mais terríveis infortúnios.
4. MODERAÇÃO: São a ordem e medidas justas e
exatas que devemos guardar em todas as nossas ações e palavras.
Como ser feliz?
Por Fernando Faria