7. Por
que sofremos?
7.2
Para não sofrer, o ser humano deve fugir de extravagâncias, adotando as regras
do bom senso comum em atos e palavras, e não se desviar do que preceituam as
leis naturais e imutáveis da Vida, procurando entendê-las e cumpri-las.
7.3
Deve procurar conhecer-se como Força e Matéria, para bem distinguir a vida
material da espiritual.
7.4 O
Espírito é uma partícula da Inteligência Universal e, como tal, está
subordinado à Lei da Evolução; logo é dever dos seres humanos procurar evoluir
espiritualmente.
7.5 A
calma e a serenidade são indispensáveis como condição importante para o acerto
das resoluções a tomar; estas, quando bem orientadas, conduzem ao êxito.
7.7 Mas,
quando as atribulações vêm — e não deixam de vir, para sacudir, para despertar
— aí, sim, sente-se o indolente perplexo, atordoado pela insegurança que
constata no vácuo por ele próprio criado no interior de sua existência.
7.8
Hoje, como no passado, os que estudam os problemas e os conflitos humanos — e
entre esses estudiosos se encontram, destacadamente, os praticantes do
Racionalismo Cristão — sabem que somente pela educação espiritual poderá
fazer-se de cada criatura um ser pacífico e verdadeiramente honrado.
7.9
Jamais o espírito se deverá deixar abater. Um revés não significa mais que um
incidente passageiro. Ele deve servir para chamar a atenção para algo que foi
negligenciado ou que era desconhecido. Muitas vezes chega até a ser útil.
Força e Matéria |
7.11 Na
vida nada acontece por acaso. Tudo tem a sua explicação, o seu motivo, a sua
causa, a sua razão de ser. Ninguém pode aprender somente com o êxito, pois
também se aprende, e muito, com o insucesso. A felicidade, a saúde e o
bem-estar não seriam tão desejados se fossem desconhecidas a desgraça, a doença
e a miséria.
7.12
Diante disso, ninguém deve esmorecer. O lema é sentir o mal para evitá-lo, para
combatê-lo, para destruí-lo, e conceber o bem para conquistá-lo, para atraí-lo,
para integrá-lo aos hábitos e costumes todos os dias.
7.13 A
maioria das enfermidades têm suas causas predisponentes no enfraquecimento do
espírito que, por seu abatimento, por seu desânimo, não comunica, não transmite
ao corpo a vitalidade que nasce da energia.
7.14 Só
depois de incontáveis desenganos e de sofrer muitos agravos, injustiças e
ingratidões, é que o indivíduo mede, no íntimo da sua natureza espiritual, a
extensão das misérias humanas, contra as quais se revolta, enojado dessas
baixezas, fato que o leva a sentir repugnância por elas.
7.16
Fujam os seres, o quanto possam, da justiça terrena, tantas e tantas vezes
falha na apreciação dos feitos humanos, mas jamais escaparão à sanções espirituais
que os farão colher, no devido tempo, o fruto das sementes que houverem lançado
sobre a Terra.
7.17 Ao
delinquente, não será imposta nenhuma sanção espiritual. Não há um Tribunal
Astral. É o próprio espírito que à justiça se submete voluntariamente, no
momento em que, livre de todas as influências deste mundo, procede a detido
exame de seus atos, quando nem um só escapa à sua apreciação e julgamento.
7.18 O
remorso, nessa ocasião, lhe queima a consciência, como se sobre ela tivesse
sido posto um ferro em brasa. Dominado pelo arrependimento, anseia por nova
encarnação, disposto a dar o máximo de si para recuperar, o mais cedo possível,
o tempo que perdeu na Terra.
7.19 A
vida humana está de tal maneira organizada que os acontecimentos ocorrem em
época própria, assim considerada quando não são contrariadas, no decorrer da
existência, as leis naturais.
7.20 É
a violação dessas leis a causa frequente de perturbações e desequilíbrios que,
alterando o ritmo natural da vida, acarretam para o espírito profundos sofrimentos.
7.21 A
dor moral — se acompanhada de desorientação — produz vibrações suscetíveis de
atrair e reter influências e fluidos deletérios.
7.22 No
entanto, desde que a criatura possua algum conhecimento da vida e perceba as
associações existentes entre o corpo e o espírito — sem perder de vista a
precariedade e transitoriedade dos valores terrenos — compreenderá a
necessidade de opor reação imediata ao sofrimento, para não se deixar dominar
por ele, assim como aos pensamentos de fraqueza que o poderão conduzir à
depressão espiritual e física, causa de tantos avassalamentos.
7.23 É
a queimadura de alto grau, produzida pelo atrito da luta íntima entre a
constatação do mal praticado e a consciência do dever deixado de cumprir, que
faz trabalhar o raciocínio, exercitando-o e desenvolvendo-o.
7.24 A
grande maioria dos suicídios, dos casos de loucura, das desavenças, das
arruaças, dos conflitos, das agressões, das discussões, das desordens, das
intrigas e das convulsões por paixão política, é provocada pela interferência
das forças do astral inferior.
7.25
Somente no mundo relativo à classe a que pertencem, para onde terão de seguir
antes de voltarem a encarnar, é que os espíritos — livres de toda a perturbação
e em plena lucidez — reconhecem o grande atraso que traz à evolução do ser
humano a desencarnação prematura.
7.26 Na
atmosfera da Terra, de um modo geral, os espíritos desencarnados do astral
inferior, consideram melhor a vida que levam, sob certos aspectos, do que a dos
encarnados. Por isso desejam, muitas vezes, que os amigos que deixaram na Terra
também desencarnem, para fazer-lhes companhia, e passam a trabalhar astralmente
para isso, sem que estejam movidos por qualquer sentimento de animosidade.
7.28 A
Doutrina Racionalista Cristã é esclarecedora, mas não milagrosa. Se os milagres
fossem possíveis, veríamos crescer um membro amputado do corpo humano. As
paredes das salas de milagres das igrejas exibem muletas, cadeiras de roda, mas
nenhuma perna mecânica. Também, muitos precursores da Doutrina Racionalista
Cristã não teriam morrido de doenças. Não se deixe abater, a dor por mais
intensa que seja passa e não fere tanto quando se lhe opõem a coragem e o
valor. Tudo passa nesta vida.
7.29 A
alma, por amor egoísta, deixa-se envolver por ilusões. Então é tomada pela
paixão, pela materialidade, pela religião e pelos preconceitos de família, de
classe ou raça. As ilusões, atuando como armaduras, impedem que a alma
raciocine. Contudo, esses enganos dos sentidos, essas fantasias, mais cedo ou
mais tarde, serão desmantelados pelos revezes da vida através da dor, dos
desenganos, das desilusões. Isto sempre acontecerá para sacudir, para depurar,
para libertar a alma desse estado fantasioso, ilusório. Então, quando a dor
passar, a alma vislumbrará maior Verdade e mais Luz.
Porque sofremos?
Por Fernando Faria
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