6. Para
onde vou após desencarnar?
6.2 Os
mundos dividem-se em duas grandes categorias: Mundos de Estágio e Mundos de
Escolaridade.
6.3
Somente no mundo relativo às classes a que pertencem, para onde terão de seguir
antes de voltarem a encarnar (Mundos de Estágio), é que os espíritos — livres
de toda perturbação e em plena lucidez — reconhecem o grande atraso que traz à
evolução do ser humano a desencarnação prematura.
6.4 Nos
Mundos de Escolaridade, as emoções fazem parte da vida cotidiana. Essas emoções
são experimentadas, indistintamente, por todos seus habitantes. Quando o homem
se torna superior às sensações da pobreza e da fortuna que completam o quadro
das referidas emoções, aí, sim, o sentido da vida espiritual começa nele a
despertar.
6.6
Somente após a desencarnação, os corpos mental e astral (perispírito) deixam definitivamente
o corpo carnal.
6.7 A
concepção da morte resulta de um entendimento da vida completamente errado. Na
verdade, ela jamais existiu. O espírito é imperecível. Por isso, não morre
nunca.
6.8 A
desencarnação deverá ocorrer, normalmente, na velhice. O corpo humano é como
uma flor ou como um fruto: nasce, cresce, viça e fenece. Quando fenece, deixa
de ter qualquer utilidade para o espírito. Impõe-se, pois, uma solução natural,
espontânea e sábia, que é a desencarnação.
6.9
Muitos fatores na Terra, tais como mudanças bruscas de temperatura, abalos
sísmicos, poluição do ar, insalubridade de certas regiões, surtos epidêmicos,
os abundantes meios de contaminação, os vícios e ainda a influência perniciosa
dos espíritos do astral inferior (espíritos quedados na atmosfera terrestre), contribuem para a desencarnação prematura das
criaturas.
6.11 Na
desencarnação prematura, há a considerar, ainda, determinados fenômenos sociais
geradores de conflitos e guerras de extermínio.
6.12 De
qualquer modo a desencarnação, antes da época própria, representa sempre um
lapso na evolução da criatura, e só encontra um meio de ser reparada: a
reencarnação.
6.13 O
que é afinal a desencarnação? Em que consiste? Como se processa?
A
desencarnação é um fenômeno natural na vida dos seres humanos. Ela significa o
oposto da encarnação. O espírito encarna quando se apossa do corpo, à
natalidade, e desencarna no exato momento em que abandona definitivamente esse
corpo.
6.15
Uma vez abandonado pelo espírito, o corpo físico nada mais é que um composto de
matéria. A sua fonte de vida já não existe. Cessada esta, pelo afastamento do
espírito, cai no domínio das leis químicas, desintegra-se, e suas moléculas
passam a compor outras formas de vida e constituir outros organismos.
6.16 É
natural o sentimento dos que ficam, diante da ausência dos que partem. O
sentimento, sim, o desespero, não. A saudade é compreensível e se admite. A
mortificação, jamais.
6.17
Quando o ser desencarna, se não possui, como acontece com a maioria,
esclarecimento a respeito da vida espiritual, são as coisas intimamente
relacionadas com a matéria que mais o influenciam nos momentos que antecedem e
sucedem à desencarnação, da qual comumente não se apercebe.
6.19 Em
tal estado — e porque o corpo astral lhe dá a impressão do carnal — vagueia
pela superfície da Terra andando como qualquer transeunte, aborrecido com a
falta de atenção dos encarnados que não se apercebem, é claro, da sua presença.
Não lhe faltam, porém, oportunidades para fazer relações com outros espíritos
desencarnados, em situação idêntica.
6.20 Os
movimentos na superfície terrestre dos espíritos desencarnados obedecem às
condições dos seus corpos astrais. Se estes estão impregnados de elementos
grosseiros pela conduta viciosa que tiveram aqueles, locomovem-se, a passo,
como fazem os seres encarnados.
6.21 Os
que levaram, no entanto, uma existência terrena menos materializada, deslizam
na atmosfera, de acordo com a densidade de seus corpos astrais, impelidos pela
ação do pensamento.
6.23 Os
que foram médicos, por exemplo, procuram exercer as suas atividades onde
encontram mediunidade desenvolvida e desprotegia da disciplina Racionalista
Cristã.
6.24
Acontece, porém, que não dispondo os espíritos, na atmosfera da Terra, de meios
para ampliar os seus conhecimentos, não podem evitar as mistificações nem se
livrar das influências deletérias do ambiente em que vivem. São, por isso,
sempre prejudiciais as suas atuações, enquanto se mantiverem na atmosfera da
Terra, qualquer que seja o grau de evolução que tenham alcançado.
6.25 Os
religiosos educados no regime do terror acovardam-se, inicialmente, ao penetrar
no astral inferior, pensando no purgatório ou no inferno.
6.27
Com o correr do tempo vão se familiarizando com o ambiente e travando
conhecimento com outros desencarnados, em situação idêntica.
6.28
Não é sem decepção e sofrimento que muitos vêem ruir e desfazer-se o castelo de
fantasias que construíram na mente com o abundante material sugestivo da
mística religiosa.
6.29
Mesmo assim, é tal o apego a santos e aos deuses, e tão grande, tão profundamente
enraizado o temor de serem castigados, que nem mesmo nesse estado de
semiconsciência espiritual são capazes de fazer funcionar o atrofiado
raciocínio para a libertação que tantos benefícios lhes proporcionariam.
6.30 É
relativamente pequena a transformação que o desencarnado observa, ao penetrar
no astral inferior: vê que possui um corpo igual ao carnal e enxerga o quadro
da vida material terrena, como sempre o conheceu.
6.32
Esse fenômeno é perfeitamente compreensível: os pensamentos possuem diferentes
densidades e, em decorrência, um som especial, característico e individual.
6.33
Todos esses fatos contribuem para que o desencarnado se acomode no astral inferior, na ignorância dos males que lhe advêm dessa permanência num meio em
que a evolução é paralisada, com a agravante de armazenar, para resgate futuro,
ônus mais ou menos pesados, conforme a atividade que se entregou nesse setor de
baixa espiritualidade.
6.34 É
erro supor que todos os espíritos que desencarnam estagiam no astral inferior.
Muitos ascendem imediatamente aos mundos de sua classe, sem permanecerem um só
instante na atmosfera da Terra. O primeiro dever do espírito, depois que
desencarna, é ascender ao mundo a que pertence, sem se deter na atmosfera da
Terra.
6.35
Esses são os que sabem viver espiritual e materialmente, os que vêem no
trabalho honrado uma das sérias razões da vida, os que se mantêm puros, limpos,
e incontaminados os pensamentos.
6.36 Os
que assim vivem e pensam atraem as Forças Superiores, que os assistem no
momento da desencarnação, principalmente auxiliando-os a trasladarem-se para os
seus mundos.
6.38
Deixada a atmosfera da Terra — e com ela todos os fatores de confusão e
perturbação — os espíritos vêem, com alegria, o que fizeram de bem, e com
profundo pesar as ações condenáveis.
6.39 Os
cemitérios e as igrejas, onde se fazem mentalmente evocações de seres
desencarnados, constituem pontos de atração de espíritos do astral inferior,
pelas correntes fluídicas afins que os pensamentos de encarnados e
desencarnados formam nesses locais. Por isso, sempre que o ser humano tiver que
penetrar em tais meios, deve fazê-lo com consciência esclarecida, para não
tomar parte na vibração dessas correntes.
6.41 O
esclarecimento a respeito de como se processa a evolução é um grande bem, por
ser o único meio capaz de levar a criatura a encarar, com naturalidade, a
desencarnação, pelo reconhecimento de tratar-se de acontecimento tão normal
quanto a encarnação, no desdobramento da vida.
6.42
Precisam, pois, os seres encarnados auxiliar com pensamentos elevados os entes
queridos que ascenderam aos seus Mundos, onde a vida é sentida realisticamente,
sem as influências perturbadoras do plano terrestre.
6.43 Já
é tempo de abandonar a crença de que os espíritos desencarnados necessitam de
rezas, de preces ou orações Isto não é verdade. No campo espiritual, onde as
influências perturbadoras não existem, a vida é sentida com inteira realidade.
A lucidez do Espírito é completa. Este tem plena consciência da eternidade da
vida e do processo da sua evolução.
6.45
Somente os que não se esquecem, quando encarnados, dos deveres espirituais e a
eles condicionam toda a grandeza da vida, estão preparados para a ascensão aos
Mundos a que pertencem, sem resvalar pelas correntes impuras do astral
inferior.
Para onde vou após desencarnar?
Por Fernando Faria
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